Los cínicos no sirven para este oficio, de Ryszard Kapuściński
Há muito tempo, no Jornalismo, ouço falar sobre esse jornalista. Primeiramente, nas longínquas aulas de Técnica de Reportagem, Entrevista e Pesquisa (vulgo Redação I), ministradas pelo grande Mauro Silveira, ainda na primeira fase. Depois, na quarta fase, voltei a ouvir falar sobre com Ricardo Barreto, em Edição.
Kapuściński é historiador por formação, e nasceu em uma cidade que hoje pertence à Bielorrússia, mas que era polonesa ainda no ano de 1932. Morreu faz pouco, em 2007, em Varsóvia. Correspondente internacional desde o início da carreira, escreveu Ébano, O imperador, O império, A guerra do futebol e Xá dos Xás.
Li recentemente Viagens com Heródoto, no qual mesclava suas experiências iniciais como correspondente à história das nações contada pelo filósofo grego. Muito interessante o livro, e se adequou perfeitamente a minha primeira viagem aqui na Europa. Agora, li essa curta coletânea de entrevistas e palestras dele, dadas ainda nos anos 90. A seguir, alguns trechos, traduzidos livremente por mim.
"Esta é uma profissão muito exigente. Todas o são, mas a nossa de maneira particular. O motivo é que convivemos com ela 24 horas por dia. Não podemos fechar o escritório às quatro da tarde e nos ocuparmos com outras atividades. Este é um trabalho que ocupa toda a nossa vida, não há outro modo de fazê-lo. Ou, ao menos, de fazê-lo de um modo perfeito."
"Tem profissões para as quais, normalmente, se vai à universidade, se obtém o diploma e aí se acaba o estudo. Durante o resto da vida se deve, simplesmente, administrar o que aprendeu. No jornalismo, em vez disso, a atualização e o estudo constantes são a conditio sine qua non. Nosso trabalho consiste em investigar e descrever o mundo contemporâneo, que está em mudança contínua, profunda, dinâmica e revolucionária. Dia após dia temos que estar ciente de tudo isso e em condições de prever o futuro. Por isso é necessário estudar e aprender constantemente."
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Procurando na internet sobre Kapuściński, descobri uma biografia escrita por seu amigo Artur Domoslawski, Kapuściński Non Fiction.
Segundo esse livro, muitas das lendas por detrás do historiador/jornalista/escritor são ficcionadas ou manipuladas. Sua amizade com Che Guevara nunca existiu. O personagem principal de Ébano, o líder africano Patrice Lumumba, já havia sido assassinado quando o polaco pisou em terras africanas pela primeira vez. Com isso, fica a dúvida se lemos grandes reportagens ou livros ficcionais. Como o que move o mundo é a tentativa de solucionar todas as dúvidas, decifremo-las.
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Tenho que tomar vergonha na cara e ler sobre esse cara também. Huahuahauh
ResponderExcluirmais do que estar em constante atualização, é ter os horizontes abertos a novas perspectivas, isenção de pré-conceitos, e muito respeito ao próximo.
ResponderExcluire sobre a menina que se recusou a cumprimentar Figueiredo, o próprio fotógrafo em 2008 lançou uma campanha para encontrá-la. mas não achei notícias na internet que dissessem se foi ou não encontrada:)
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