terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vida de república

A vida maravilhosa de se morar em uma república. São poucos os que têm coragem para tanto. Primeiro, tem-se que sair de casa. E não é se mudar para outro bairro, para ter roupa ainda lavada pela mamãe. Tem que ir embora mesmo. Outra cidade. Se possível, a mil quilômetros de distância. Assim, não tem perigo de voltar quando apertar o calo ou a saudade.

Depois de se mudar de cidade, tem que achar um lugar bom, mas bom mesmo, com cara de cortiço. Nada de dividir uma quitinete com uma pessoa aleatória e dizer que adotou o estilo de vida de uma república. Isso se chama blasfêmia! Alguém que diz isso não merece viver.

Morar em república, como diria um professor, é ter comida etiquetada na geladeira, para ninguém roubar; ter mural de aviso na cozinha, com funções que nunca são cumpridas; enfrentar fila pra usar a máquina de lavar; xingar o lazarento que demora no banho matinal; ver a louça suja criando vida e se reproduzindo, se misturando à pouca louça ainda limpa.

Outro ponto divertido desse estilo de vida é fazer mil contas pra dividir as despesas e as dívidas; sair no tapa porque fulaninho não pagou a conta de água no dia certo e agora podem cortar a “fonte da vida”; comprar umas cervejas e ficar até 4 horas da manhã bebendo e gritando na sala, enquanto o colega do quarto ao lado (porque sempre tem um infeliz que dorme ao lado da sala) tem uma prova dificílima na manhã seguinte.

Algo curioso é a quantidade de objetos inusitados que se encontra em um lugar desse tipo. Cones e sinalizadores de trânsito laranjas, cadeiras de boteco, caixas d’água fazendo de piscina, placas com nomes de rua, bonecos de posto, carrinhos de supermercado, plaquinhas de banheiro, copos, taças e canecas de diferentes bares, bonecas infláveis.

Uma caixinha de surpresa é o tipo de festa que acontece. Se os moradores são engenheiros, é presença obrigatória a grande quantidade de homens. Se é uma república de garotas, a grande quantidade de homens também comparece, mas se transforma em uma horda de bárbaros sedentos por carne feminina.

Muitas vezes, a festinha, que originalmente era um churrasco entre amigos com carne e pão às três da tarde, se transforma em um grande evento que vira a noite, regada à vodka e energético barato. As conseqüências são diversas. Ou a polícia aparecendo, ou o vizinho jogando uma pedra na janela a fim de que abaixem o volume do som, ou bêbados gorfando no sofá da sala, ou pessoas desconhecidas dormindo em cima da mesa da cozinha, ao lado de latas amassadas e camisinhas usadas.

Enfim, com todas essas características marcantes de uma vida diferente durante o período universitário, por que algo usual e rotineiro? Onde mais você teria companhia às duas da manhã, quando chega em casa depois de aulas cansativas? Com quem você poderia comemorar o aniversário, já que está distante da família? Quem cuidaria de você doente, ou mesmo te ouviria quando bate a depressão de meio de semestre letivo? Só os amigos da república!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Dicas para a vida

Em véspera de Natal, coloco aqui um e-mail que recebi com campanhas publicitárias do Citibank:

"Crie filhos em vez de herdeiros."

"Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete."

"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe o a vista da janela."

"Não é justo fazer declarações anuais ao fisco e nenhuma para quem você ama."

"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas."

"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"

"Quantas reuniões foram mesmo essa semana? Reúna os amigos."

"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."

"... e quem sabe assim você seja promovido a melhor (amigo/pai/mãe/filho/filha/namorada/namorado/marido/esposa/irmão/irmã/etc) do mundo!"

"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas nunca sem amigos."

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas, e não o seu preço."

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Memórias de viagem

Todo universitário deveria, ao menos uma vez na vida acadêmica, ir a um encontro estudantil. Uma experiência inesquecível. É lá que se vive momentos de descobertas, de debates políticos intermináveis e de grandes viagens turísticas.

Não há nada mais interessante que viajar horas intermináveis, às vezes dias, dentro de um ônibus com várias pessoas, ou amigas de longa data ou que acabara de conhecer. No trajeto, a comida de beira de estrada vai mudando conforme a paisagem. E o rigor ou nojo também segue na mesma linha.

Analisando a situação, o divertido é a viagem em si, quando se discute de tudo entre poltronas e álcool. Desde a política nacional até vida após a morte, passando por piadas de português, histórias sobre ETs ou fantasmas e experiências sexuais. Falando nisso, sempre tem aquele que tenta azarar as meninas, com desculpinhas como sentar ao lado ou cair sobre ela em curvas fechadas.

Chegando ao destino planejado – a maioria das vezes alguma cidade litorânea –, o objetivo é reconhecer terreno. Provavelmente o evento será em alguma universidade ou escola. Então, é comum ter o abecedário pelas paredes, parquinho com gangorra e balanço, ou até laboratórios anatômicos e restaurante universitário.

Os painéis, palestras ou seminários – tanto faz a nomenclatura – são intermináveis, com pessoas falando sempre as mesmas coisas, ou então, quando se quer incendiar, colocam opiniões contrárias, e aí o circo pega fogo. Serão 3, 4 longas horas de discussão. Parece até discurso do Chávez.

Os encontristas são um caso a parte. Têm aqueles esquerdistas ao extremo, com uma tatuagem do Che no braço e uma camiseta chamando o PT de pelego. Há também os alternativos, com calças xadrez e ar de intelectual, só pensando em debater a MPB. Não se pode esquecer das patricinhas, que ninguém – nem elas mesmas – sabem o que estão fazendo ali. Foram só pra conhecer o “mundo real”.

Porém, querendo ou não, são nesses encontros que o amadurecer acontece. É lá que se descobre as mais variadas espécies de maconha – sim, muita gente experimenta pela primeira vez em um encontro da vida -, ou então se conhece o amor da sua vida, ou da sua viagem.

Depois disso tudo, quando você já estragou seu estômago de todas as maneiras possíveis, já não tem mais fígado, descobriu todos os banheiros que existiam no lugar, ou até que não existiam, não tem mais roupa limpa, vem a viagem de volta. Enfrentar mais três, quatro dias, com pessoas que não suporta mais e com um cansaço extremo.

E, assim que chega em casa, querendo usar sua privada de estimação, sua folha dupla, tomar aquele banho decente e com água quente, comer algo com origem não duvidosa, vem o querer ter aproveitado um pouquinho mais tudo aquilo, e, talvez, até uma vontadezinha de se enfiar na próxima viagem.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Férias?

As tão sonhadas férias... Depois de quatro longos e cansativos meses de aula, trabalho, festas e sexo casual, chega o período mais desejado dos últimos tempos. É tempo de arrumar a bagunça, ou pelo menos escondê-la em algum canto, colocar algumas roupas na mala e partir para a comidinha da mamãe.

Aos infelizes que são de outros estados, resta uma longa viagem. Como normalmente não compraram com antecedência a passagem de avião, tão acessível nos últimos tempos, apelam para o meio de transporte mais desnecessário de todos: o ônibus.

Às vezes a criatura tem que enfrentar mais de 15 horas dentro de uma prisão sobre rodas. O sujeito fica à mercê de um motorista lazarento, que só para em lugares premeditados, prontos para roubar seu dinheiro em troca de alimentos de três dias atrás.

Outra questão pertinente ao viajante é a dúvida que sempre surge quando está perto de adentrar no ônibus: quem será a pessoa ao lado? Será aquela gorda espaçosa? Um ser que ronca alto durante a noite? Talvez uma mãe com seu filho de colo, que pode chorar a qualquer momento? Se o destino permitir, a poltrona estará vaga por todo o trajeto, permitindo diferentes e incômodas posições tântricas que objetivam algumas horas de “descanso”.

Depois de enfrentar todo o trajeto de retorno ao lar, resta concentrar-se nas férias. Ver os amigos, colocar a conversa em dia, descobrir quem está transando com quem, visitar todos os parentes com sua genitora, até aquele tio-avô velho e caquético.

Falando em mãe, nada melhor do que acordar e ter ainda o café-da-manhã sobre a mesa, o almoço sempre quentinho e farto, um jantar diferente a cada dia, louça para lavar seguida de pedidos carinhosos de mãe, inquéritos sobre a vida acadêmica, profissional e, principalmente, sexual, saber se está se prevenindo, e coisas assim.

Depois dos primeiros 10 lindos e gostosos dias, descobre-se que não se tem mais nada pra fazer. Já visitou todos os amigos, já foi em todas as baladas, já leu (caso leia) todos os livros possíveis. Agora, a rotina consiste em acordar para o almoço, tirar uma soneca depois, passar a tarde em frente à TV ou ao computador, ir com os amigos aos mesmos bares do dia anterior e dormir altas horas da madrugada.

Com um mês de férias, a vontade incontrolável de fazer algo fora da rotina. Caminhar de um lado a outro da casa, ir da TV ao computador, de lá para a cozinha, assaltar a geladeira, depois rumar ao quarto para mais uma soneca, e assim vai.

O calendário se torna o melhor amigo. Todos os dias o universitário está ali, arrancando a folhinha, com o sorriso aumentando assim que os dias caem. Então, ele chega: o dia de retorno às aulas! E, quando se vê, já está almejando as tão sonhadas férias.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Falsa nostalgia

Sim, eu sei que estou sumido, mas foi por causa de um semestre atarefado e corrido. Por isso que, hoje, quando entro de férias em relação às aulas (ainda tenho 2 dias de trabalho), venho atualizar o blog.
Escrevi 6 crônicas como trabalho final para Redação VII, do senhor Hélio Ademar Schuch. Postarei aos poucos meus esforços, hehe.
Que seja aberta a temporada de férias!

Falsa nostalgia

Sabe aquele sentimento de ter saudades de algo que não viveu? Quando você tem nostalgia de um momento que nunca presenciou? É assim com o curso de jornalismo. Muita gente pensa em um jovem jornalista, ainda na faculdade, e imagina uma figura totalmente diferente do que está aí.

Não temos mais aqueles seres cabeludos, barbudos ou bigodudos, ou tudo junto, que pareciam ter mais pêlos que um urso. Que andavam com calças rasgadas, uma camisa colorida e chinelos no pé, em um eterno mundo aprisionado nos anos 70.

Figuras que, se quisessem se divertir, iam passar o feriado em alguma praia deserta, a qual poderiam chamar de seu cantinho especial. Ou então marcariam um encontro regado a alucinógenos e que inspirariam as mais criativas pautas.

Seres que discutiam política por horas a fio, sentados na grama ou em um banco qualquer, seja bebendo café ou cerveja. Que estavam prontos para pegar uma câmera fotográfica ou um gravador, ir cobrir um evento e depois grudar na máquina de escrever até finalizar a matéria.

Pessoas que gritavam aos quatro cantos que não se venderiam ao sistema, “antes passar fome a trabalhar nessa porcaria de jornal alienador das massas”. Indivíduos que, ao se deparar com uma dúvida, iam ao professor mais perto, ou procuravam a biblioteca para se informar sobre o tema.

Hoje em dia, tudo é diferente. Garotas que não saem de cima de seus saltos 15, com mais maquiagem que noiva em dia de casamento, não importando se é às 8 da manhã. Meninos que usam uniforme, como calça jeans e camiseta pólo listrada.

Jovens andam pelos corredores com notebooks e celulares de última geração. Passam o feriado em Nova York ou Paris. Têm mais luzes no cabelo do que o Maracanã em noite de clássico. Pensam em sair da faculdade já com uma empresa de assessoria na manga.

Para se divertir, os novos jornalistinhas vão para as baladas da moda, bebem whisky com energético, e só apelam para a boa e velha cerveja em dias de jogo ou em fim de mês. Política, só em época de eleição, e “nem venha com histórias de movimento estudantil que já dá coceira”.

Por essas e outras que vejo que nasci 30 anos depois do que o combinado, e a conformação é a única solução. Bons tempos de Olivetti, de discussões regadas a café e aos berros sobre literatura, política e sexo, em plena redação. Bons tempos que não voltam mais.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Família

É triste ver aquele homem forte e cheio de energia em uma cama, fraco e com dificuldades de falar. É triste ver aquele mulher, que sempre estava entretida com bordados e crochês, também em uma cama, esperando seu marido, e chorando assim que vê algum ente querido.

Toda vez que lembro de meus avós, vem a minha cabeça aquela casa de madeira, com um gramado gigantesco, o sol da manhã acompanhado do frio também matinal, ele arrumando os apetrechos do churrasco, ela preparando arroz e salada, primos e tios chegando aos poucos, e assim todos passam o domingo reunidos.

Agora, vejo os dois, já velhos, em uma casa que não a deles. Incomodados. Incomodando. Preocupa-me o destino deles. E, assim como o deles, o da gente, seus descendentes. Onde nos reuniremos? Por qual motivo? Há quanto tempo não vejo todos juntos? Será que foi em 1999 ainda, nas Bodas de Ouro, quando éramos mais novos e sem trabalho, quando todos podíamos viajar sem problemas, quando ELE ainda era vivo?

Cheguei a pensar que não me emocionaria quando meus avós partissem. Engano. Ver ele ali, na cama de um hospital, me deu um aperto no coração. Não chorei em sua frente. Só lhe disse que o admirava, o que nunca fiz antes. Vi um sorriso em seus lábios.

Aprendi com a vida que devemos sempre falar o que pensamos e sentimos, tocar quem amamos. Nunca se sabe quando será a próxima oportunidade. Isso se ela existir.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Apanhado geral de tudo

Antes de mais nada, queria agradecer as palavras de apoio e a preocupação do pessoal. Não imaginei que teria tanta repercussão. Mas não se preocupem. Não matei, não roubei nem estuprei ninguém. Na real, como sempre faço tempestade em copo d’água, o que fiz pode ser pequeno e eu dei muita importância. É perigoso, quando descobrirem, pensarem algo como “tudo isso por nada?”. Então, relaxem que não foi nada, ok?

Budapest

Assim que vi o filme inspirado no livro do Chico Buarque, tive a certeza de que precisava ir pra Budapeste antes de sair da Europa. A minha sorte que tudo aqui é relativamente perto, o que facilita minha vida e meus planos.

Como estou me hospedando em albergues, nesse final de viagem, optei por um no centro da cidade, para ser mais fácil me locomover. Lá, conheci alguns cariocas, falantes, e um catarinense. Até saímos de noite, para conhecer a vida noturna de Budapeste. Como era quarta-feira, o movimento estava meio fraco.

E, como praticamente todas as cidades européias, tudo muito grande. Mas, diferentemente do Brasil, não têm muitos prédios residenciais. As construções altas são as igrejas, parlamentos e castelos. Nem deve ter nada relacionado com a idade do Velho Continente e das terras tupiniquins, por exemplo. E eu até consegui ver a estátua do Ghost Writer, que aparece no filme brasileiro. Bem menor do que eu imaginava.

Zagreb

Fui passar o final de semana na Croácia. Chique, né? Grande azar o meu, porque estava tudo parado, só com turistas pelas ruas quentes da cidade. Assim que cheguei, meia-noite, um pequeno perrengue. Não sabia como chegar ao hostel. Como faço, pergunto a quem mais parece com um nativo, e, como sempre, tive sorte em encontrar alguns bem solícitos. Até perguntaram aos taxistas como chegar, e ainda queriam fazer uma vaquinha para pagar minha ida até lá. Queridos, né? Não aceitei, obviamente, e fui de tram (espécie de bonde). E, chegando ao ponto final, ainda encontrei outros dois nativos que me levaram de carro até o albergue. Sim, sou muito sortudo.

Gostei muito da área verde da cidade, tanto o Jardim Botânico quanto alguns parques, onde havia muita gente deitada na grama. Obviamente, como todos sabem, me senti em casa, ou na UFSC. Até dormi!

Outra coisa que me salvou foi ter uma padaria perto do albergue. Como minha alimentação se consiste em pão e chá, me senti em casa ali. Era só andar alguns metro e pronto, já se estava me alimentando. E é sempre interessante a forma de comunicação com pessoas que não sabem o inglês. Sorrisos cativantes, mímica e algumas palavras locais. No mínimo engraçado.

Ljubljana

Não sei vocês, caros leitores, mas eu nunca ouvi falar dessa cidade. E nem estava nos meus planos ficar lá. Era só caminho até a Suíça. Passaria algumas horas ali, entre um trem e outro. Mas, como o albergue ali estava muito barato, e não existe tal tecnologia em Zurique, acabei ficando dois dias e uma noite na capital da Eslovênia.

A parte velha é pequena, mas gostosa de andar. Está certo que não são necessários dois dias para conhecê-la, mas sempre se dá um jeito de aproveitar mais o tempo. Isso inclui andar como turista, passar inúmeras vezes pelos mesmos locais, cochilar em bancos durante tardes quentes. E ler um bom livro, também.

Zürich

Como escrevi antes, não existem albergues na capital da Suíça. Então, apelei para a viagem noturna de trem, saindo às 20:48 e chegando às 9:20, com muitas paradas no caminho. Mas digo que foi bonito acordar com a passagem do chocolate Milka na janela. Nessas horas que eu gostaria de fazer a BIG TRIP de carro, e me perder por todas as possíveis estradas, e assim conhecer lugares inimagináveis.

A cidade, como é de se esperar, é muito cara. E tem inúmeras ruelas na parte antiga. Bem gostoso de andar e se perder. Fiquei boas 6 horas caminhando. Na verdade, passei muito tempo sentado, já que estava com minha pequena grande mochila nas costas. Quando a pesei, antes de sair de Coruña, estava com 12 quilos. Agora, com algumas coisas que peguei pelo caminho, vai mais algum peso aí.

E, depois de tudo isso, Itália! Tenho alguns albergues reservados, mas como sempre penso, planos devem ser feitos sempre, mas você deve estar sempre pronto para mudá-los. De certo, só minha presença em Roma dia 20, para voltar para Espanha, e depois dia 22 minha viagem de volta ao Brasil. Falta pouco! Só 9 dias!

Continua...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Desabafo

A cada dia que passa, vejo que ser certo é errado!

Tenho descoberto pelo mundo que a vida é assim. Não existe mais respeito pelo próximo, fidelidade, fazer algo sem pensar em reciprocidade, sair sem beber ou usar drogas. Acho que é por isso que, assim que cheguei, já quis voltar. Em nenhum momento me senti em casa.

Mas foi bom sair do casulo, ver que o mundo não é só rosas e pessoas legais. Foi assim quando saí do colégio, em que os churrascos da turma eram regados a refrigerante, baralho e banho de piscina. E acho que é por isso que me sinto em casa na faculdade, porque encontrei pessoas boas, que se parecem comigo e com que cresci.

Vir para a Europa me fez abrir a cabeça e os olhos. Só espero que não muito. Se não, voltarei achando que fim de semana tem que rolar cerveja, maconha e cocaína, ou então que namorado ou namorada é uma simples questão de transa fixa, e que podemos beijar e transar com quem queiramos, já que somos jovens.

Em minhas andanças pelo mundo, passo muito tempo vago, pensando. E lembro, todos os dias, de um grande erro que cometi, há algum tempo atrás, e que influenciou minha vida, da pessoa, da minha família e, em menor parte, dos meus amigos. Lembrar me deixa triste, mas norteia minhas decisões para que eu não o cometa novamente. Aqui fiz algumas coisas erradas, e que não me saem da cabeça também. Talvez a melhor opção seja não esquecê-las, para que não se repitam.

Ainda bem que, em 13 dias, estarei em casa novamente, com os meus semelhantes, tanto família quanto amigos. Isso que me ajudou a suportar os 5 meses fora...

Paixão por uma cidade

Praha

Assim que cheguei à capital da República Tcheca, me apaixonei. É um grande centro antigo, onde há pessoas às 10 da noite. Ela é muito receptiva ao turista, com muitas lojas de lembranças, assim como muitos albergues. Falando nisso, o meu era muito bom. Eram 6 camas por quarto, mas, pela divisão de espaço, minha cama (de casal!) ficava após uma porta, o que me dava grande privacidade. Difícil isso em albergues, onde o mais comum são beliches amontoados.

Eu só havia reservado uma noite no local, mas, após conversar com a recepcionista (solícita) na manhã seguinte, acertei mais duas noites. Depois ainda descobri que ficaria sozinho no quarto. Ou seja, poderia transitar livremente sem camisa, ouvir som alto, tomar banho de porta aberta. Não que não possa fazer isso em outros lugares, mas sabe como é, é meio chato ver um cara peludo por aí, transitando livremente e descoberto.

Como ficaria dois dias, adotei o estilo turista, e não desbravador: chinelão, andar despreocupado, fazer tudo sem pressa. Andava por uma zona, depois voltava na hora do almoço para o albergue, tanto para evitar o sol forte como descansar e ver um filme. E como não havia internet no local (único problema enfrentado), assisti a muito filme. Mas conto depois quais são as películas que vi na BIG TRIP.

O mais interessante foi visitar o castelo da cidade andando às cegas. Descobrir ao acaso as coisas sempre me surpreende. E a vista, tanto do prédio como da cidade, era maravilhosa. Também me encontrei em um dos morros da cidade, de onde a vista também era esplendorosa. Enfim, recomendo a cidade a todos!

Continua...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dois dias intensos de viagem


Bratislava

Como eu não encontrei nenhuma viva alma para me hospedar na cidade, parti para o plano B: hostel, mais conhecido como albergue. Como eram duas noites, não teria problema gastar um pouco (peguei a opção mais barata, obviamente). Cheguei lá já no final do dia 1º, encontrando o local após pedir ajuda a uma dezena de pessoas. É que não encontrei nenhum mapa no caminho.

Após a dificuldade em chegar ao local, a segunda parte do problema era entrar. Não havia nenhuma campainha na primeira porta. Apelei ao bar ao lado, para ver como entrar. A atendente, muito solícita, ligou até para a central de informações. Antes de conseguir alguma que nos ajudasse, fomos agraciados com um cara saindo do prédio e deixando a porta aberta. Enfim, depois de conseguir entrar e ainda ser atendido pelo recepcionista, tudo ficou tranqüilo. Ele só falava francês, o que não foi muito difícil depois de alguns anos de Aliança Francesa.

O albergue era legal, com um quarto com 4 beliches e um quarto com cama de casal. Às 9 da noite, ele foi embora, deixando o local todo para nós. Algo bem difícil de acontecer no Brasil, creio eu. Lá, éramos em 2 australianos, um casal de não sei onde (totalmente excluído), um argentino e eu. Histórias e mais histórias. Tinha gente viajando desde abril, janeiro e não sei quando. A minha viagem era a passeio para eles. O que mais curti foram os planos do argentino. Depois de uma separação e de um filho de 10 anos, vendeu tudo e partiu pelo mundo. Primeiro a Europa, depois México e descer pela América. Desde março está nessa empreitada.

A cidade em si não é tão aproveitável assim. A parte antiga é muito pequena, e em uma manhã se vê tudo. E não estou sendo hiperbólico. Consegui trocar dinheiro, descobrir onde ver o jogo e ver tudo antes das 13 horas. Depois, pelo calor que fazia, voltei ao albergue para resfriar a cabeça e detonar uma melancia! Saudades disso!

Fui ver o fatídico jogo Brasil x Holanda em um bar com outros brasileiros. Ao fim, todos sabemos o que aconteceu. Depois, mais uma voltinha pela cidade e albergue. Como havia internet, fiquei bem algumas horas em frente ao computador, como há muito na fazia. Até consegui resolver problemas meus e de outros, graças à tecnologia. Por isso amo tudo isso.

Wien

Minha ideia inicial era, depois de Bratislava, ir para Praga, na República Tcheca. O argentino, porém, me informou que Viena ficava 1 hora dali e por míseros 11 euros. Como minha passagem de Eurorail não estava valendo para a Polônia e Eslováquia, preferi pagar só isso para viajar. Isso sem falar que havia trem a cada 1 hora.

Cheguei à cidade às 11 da manhã, sem mapa e com uma puta mochila nas costas. Não achei lugar para guardá-la, o que me obrigou levá-la para todos os lugares. Fui andando, andando e andando. Quando via turistas, seguia-os. Afinal de contas, turistas estão sempre vendo pontos turísticos. Pelo menos essa é a ideia da coisa.

Depois de muito caminhar, cheguei ao centro histórico. Muitos prédios antigos, grandes e estrondosamente brancos. Até entendi o austríaco Hitler ser daquele jeito. Eu achei um mapa na vitrine de uma loja, e após tirar um foto dele, me guiava pela máquina fotográfica. Diferente, não?

Como quis viajar em junho/julho, ganhei um grande companheiro de viagem, o calor infernal. Como alojamento em Viena estava muito caro, parti para Praga, onde já havia reservado premeditadamente um albergue, próximo à estação de trem, para não ter problema em chegar à noite. Minha família pode, assim, ver que em alguns aspectos estou amadurecendo, organizando algo e pensando em todos os fatores. Na verdade sempre fiz isso, mas é que sou muito tranqüilo se não dá certo. Enfim, dessa forma parti para Praga um trem antes do esperado, passando apenas (e muito feliz por isso) 5 horas na capital austríaca.

Continua...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Visitando as raízes

A entrada e saída da terra de meu avô foram turbulentas. Sinal, talvez. Mas de que? De que talvez eu não deva esquecer minhas raízes...

Warszawa

Para ir para Varsóvia, tive que pegar um ônibus em Riga, Letônia. Por problemas de trocas de nomes, quase perco o infeliz. Mas não perdi. Isso que importa. O complicado foi o depois de chegar na cidade. Como estou adotando o método do couchsurfing, dependo muito das pessoas me aceitarem e me darem seu endereço. Mas não foi bem isso que aconteceu. Eu tinha dois pedidos aceitos, e optei por um. Porém, a menina não me deu seu endereço, me deixando totalmente perdido na cidade. Por sorte, a segunda opção já tinha fornecido os dados. E o que eu fiz? Me dirigi até lá. Mesmo sendo domingo, 7 da manhã, e sem avisar que eu iria. Espero que nunca façam isso comigo!

O casal era legal. A princípio, não gostei deles, mas também cheguei na manhã seguinte a um casamento. Ressaca, cansaço e tudo influenciaram no humor deles. Ela, 20 anos, é babá e ele, 28 anos, é designer de jóias. No decorrer dos dois dias, entretanto, nossa relação melhorou. Mais conversas sérias e um contato maior.

Quanto à cidade, não gostei muito. A Old City é muito linda, mesmo não sendo tão velha. Ela foi toda reconstruída depois de ser bombardeada na II Guerra Mundial, mas continua com seu charme. Já o centro, pura pedra. Prédios gigantescos, e muito concreto, o que aumentou ainda mais o calor.

O transporte funcionava muito bem. Tanto ônibus quanto os trans, espécie de bonde. Acredito que em toda a Polônia o sistema seja o mesmo: você compra um bilhete antes, autentica dentro do veículo e pronto. De tempos em tempos aparecem os fiscais para cobrar seu bilhete. Isso não aconteceu em Varsóvia. Sorte minha, porque em nenhum momento eu comprei tal bilhete. Ia de "carona" mesmo.


Krakow

Em Cracóvia, fiquei em um dormitório do pessoal de Artes. Não lembro bem quais cursos, mas tinha arquitetura, design e alguns outros. O prédio me lembrou muito o CCE, não o "aquário", mas a parte do cinema, com desenhos pelas paredes. Eram duas garotas, do interior, que me receberam super bem.

A cidade é muito bonita, principalmente o centro histórico. É como uma grande ilha, com muitas árvores em vez de água. Como praticamente todas as cidades européias, igrejas e prédios antigos e gigantes, para serem vistos de longe pelos viajantes e camponeses.

Foi nessa cidade que provei uma iguaria polonesa, o pierogui. Na verdade, já havia comido antes, mas não lembro quando nem onde no Brasil. E ainda tive a oportunidade de comer em um Milk Bar, espécie de bar onde tudo é barato. Recomendo.

Como estava lá, tive que ir a Auschwitz, campo de concentração nazista. É algo muito forte. Já haviam me falado sobre, mas é necessário ter estômago para estar lá. Ver uma sala gigante, por exemplo, cheia de cabelos de presos não é para qualquer um. Me sentia sufocado naquele lugar.

E, depois de um dia cansativo e de ir até Auschwitz, ainda tive problemas no bonde da cidade. Dez horas da noite e eu ainda encontro um fiscal! Nada melhor para terminar o dia! Ainda bem que aceitavam cartão. E, na manhã seguinte, para ir até a rodoviária, impelido pela multa da noite anterior, comprei mais um bilhete, e qual não foi minha felicidade quando fui abordado pelo fiscal e estava com o papel em mãos.

Para viajar para Bratislava, outro parto. Uma possibilidade era ir de trem, e a outra de ônibus, mais barata e mais "rápida". O difícil foi achar o maldito ônibus, que na verdade era uma van, que nos levaria até o ônibus de verdade, no meio da estrada. Enfim, mais um causo para se contar...

Continua...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um brasileiro perdido na Letônia


Basicamente todos os lugares que conheci, nesse tempo na Europa, estavam nos meus planos. França, Reino Unido, Alemanha. Mas a vida é feita de mudanças de planos, ou inclusões ou exclusões. Marrocos foi uma grande inclusão pra mim. E boa! E outra agora foi a Letônia! Quatro dias realmente muito bons.

Tudo aconteceu quando comecei a planejar a BIG TRIP. Falei com a Laura, a letona que morava comigo, e ela fez questão que eu fosse visita-la. A princípio, concordava por concordar. Mas, quando ela começou a falar em comprar a passagem, vi que realmente queria que eu fosse. Como posso dizer não para uma grande experiência nova?

A letona falava muito em um Summer Festival, no dia 23 de junho. E no mesmo dia seria a festa de San Juan, em Coruña, em que todos ficam bêbados e passam o dia na praia. Pensei que seria o mesmo. Mas não era bem isso. É uma tradição para eles, como o Natal, com família e amigos reunidos, mesa farta e algumas particularidades, como coroa de flores, remetendo à fertilidade, lama no rosto para eterna jovialidade e banho no orvalho. Mas não foi aí que começou a história.

A ideia era pegar um ônibus de Warszawa, ou Varsóvia, para Riga. Então, teria que chegar de Berlin para isso. No fim das contas, fiquei um dia inteiro viajando, com 5 horas até chegar na Polônia, depois o ônibus até Kaunas, na Lituânia, e mais um para Riga. Lembrei muito de minhas viagens Floripa-Campo Grande, com 20 ou 24 horas dentro de um ônibus. A grande diferença é que no último que peguei, entre os países bálticos, tinha internet e tomada para computador. Se eu soubesse disso antes, com certeza não teria deixado no bagageiro!

Cheguei à Riga às 6 da manhã, e só encontraria a Laura às 2 da tarde. Legal, né? Frio, mochila com uns 12 quilos nas costas, sem mapa. Pergunta freqüente na cabeça: “O que raios estou fazendo aqui?” E não era bem “raios” que eu usava nesses momentos, se é que me entendem. Me senti um verdadeiro desbravador, em um país com outra língua, ruas que lembravam muito a Rússia comunista e coisas assim. Como se fosse o primeiro brasileiro a pisar em terras letonas. Era esse o sentimento enquanto estava lendo algumas coisas na fachada de um museu. Até ouvir dois brasileiros conversando. E o pior, eram cariocas! Depois dessa, desisto de me esconder de brasileiros!

Assim que encontrei a letona, de tarde, fomos para o campo, no meio do nada. Lá seria comemorado o Summer Festival. Pelo menos o pessoal sempre tentava falar inglês enquanto eu estava perto, para não me sentir tão solitário. Explicavam as coisas, perguntavam sobre o Brasil e a minha viagem. Foi bem divertido. Lembrei dos churrascos da época de escola, com amigos o dia todo. De noite, fogueira e jogos, como telefone sem fio ou vôlei. Ficamos esperando até o sol nascer, porque não escureceu em nenhum momento! Uma da manhã e se via o horizonte, claro ainda.

Fui um dos últimos a dormir, como sempre. E qual a surpresa quando encontro colchões de feno! Mais um lugar inusitado em minha lista, que inclui sofás, aeroportos, deserto e outros. E, à tarde, rolou mais comida ainda. Enfim, me diverti muito!

Assim foram os 2 primeiros dias. No terceiro, Cesis! A cidade dela. Fiquei o dia entre conhecer o local com a Laura e sua mãe, ver a tranqüilidade de Brasil x Portugal e fazer um picnic com os amigos das duas. E mais comida típica.

No quarto dia, depois de uma despedida meio triste de sua mãe, muito querida e que sempre queria fazer tudo por mim, fomos à praia. Simples, não? Na verdade, duas horas de ônibus até Riga, e depois mais 30 minutos de trem até o litoral. Tudo isso para eu poder dizer que me banhei no mar Báltico! Tão gelado quanto Coruña! E muito raso também. Mas tudo bem. Não pretendo ter filho nos próximos 2 anos mesmo, já que congelei tudo que é necessário para isso.

E, para finalizar esse pequeno descobrimento da Letônia, quase perco o ônibus. E olha que estava com ela, hein. Problemas com os nomes das linhas, mas que, depois de uma corrida, foram resolvidos. Só pra lembrar mesmo para sempre desse pequeno país.

Continua...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Alemanha!

Köln

Minha passagem por Colônia foi meio curta, 3 noites e 2 dias. Fui mais porque fiz um grande amigo alemão, Volker, durante o intercâmbio. Então, nada melhor do que visitar os amigos, conhecer uma nova cidade e ainda viver por alguns dias com uma família alemã.

Na cidade, conheci pouco. Ele me levou uma tarde pela "cidade velha", me mostrando a catedral (gigantesca) e algumas ruas com a arquitetura local. Enfim, não conheci muito. Considero mais como uma viagem de férias do que um desbravamento, com mapa e câmera na mão, se perdendo pela cidade.

O que mais fiz lá foi sair com seus amigos, ir aos bares, assistir aos jogos da Copa, jogar videogame e afins. Coisas de férias e de se fazer com amigos. E foi aí que mais senti saudades dos amigos no Brasil, de sair e jogar papo fora. Mas eu sei que está acabando esse período, então fico mais tranquilo.

Uma grande experiência que tive lá foi ver o jogo Alemanha x Sérvia. Eles assistiram em um estádio, com telões e tudo o mais, regado a muita cerveja. Tinha muita gente, mesmo sendo sexta início da tarde. Pena que eles perderam o jogo. O Volker mesmo ficou abaladíssimo. E a seleção alemã ainda ganhou os outros 2 jogos. Será que eu era o pé-frio?


Berlin

Em Berlim eu fiquei na casa de um casal chileno. Ele músico e ela universitária de literatura américo-latina. O apartamento era grande e eu ainda tinha um quarto só pra mim. Curti bastante.

Chegando na cidade fiquei já perdido na estação de trem. Muito grande! Mas depois de resolvido alguns problemas, como quando e por quanto partir, fui pra casa dos chilenos. E chegar lá sem mapa foi um tanto complicado! Ao bairro, até que foi tranquilo. O problema foi me localizar lá, já que era de árabes, que mal falavam o alemão, e eu ali com um inglês básico. Interessante, no mínimo!

Pra me virar na cidade eu usei um mapa emprestado pelo casal, muito grande e sem detalhes. Então era mais pra ter uma noção de onde eu estava. O que mais fiz foi andar pelo centro, me baseando sempre pela antena, herança do período comunista, e que é gigantesca! Esse era o meu referencial sempre. Uma coisa que costumo sempre fazer é me "perder" pelas ruas locais. Andar sem rumo, só caminhando e tirando fotos. É assim que se conhece um pouco mais a cidade. Além de viver lá por anos, obviamente!

Mesmo ficando lá 3 dias, não consegui ir a nenhum museu. E olha que tem uma ilha só para eles. São uns 3 ou mais, não tenho certeza. O problema foi que cheguei no sábado a tarde, e aproveitei para conhecer as redondezas de onde fiquei hospedado. No domingo, fui ao centro e andei muito por lá. A ideia seria dedicar a segunda aos museus, mas não deu muito certo, porque estavam todos fechados. Tive que andar mais a esmo, então!

Outra experiência agradável foi ver o jogo Chile x Suíça em um bar chileno. Estava cheio, e me senti em casa ali, com gritos e torcida. Quanto ao jogo da seleção canarinha, não consegui ver com outros brasileiros. Até fomos a um bar com uma galera, mas estava muito cheio e eles não quiseram ficar lá. Então fomos a um outro bar, mas calmo, e assistimos a Brasil x Costa do Marfim. Sem torcida, mas vibrei igual.

De Berlim, peguei um trem para Varsóvia, onde pegaria um ônibus pra Letônia. Mas isso já outra história.

Continua...

sábado, 19 de junho de 2010

Bruxelas e Amsterdã

Brussels

Experiência bem diferente. Como desde a última viagem (Grã-Bretanha, que ainda não postei aqui), sou o mais novo adepto ao Couchsurfing, estou utilizando desse subterfúgio na BIG TRIP, a fim de economizar dinheiro. Para quem não sabe, funciona da seguinte maneira. Fazemos o cadastro em um site, em que disponibilizamos nosso sofá, se assim o desejarmos, ou só nos oferecemos para um café. Dessa forma, tem milhões de pessoas pelo mundo oferecendo o sofá, cama ou mesmo chão, para um desconhecido. Num estilo mais paz e amor, sem pedir nada em troca. Meu piso, por exemplo, está aberto, mas ninguém nunca pediu para mim. Ok. Mas não é por isso que eu não vou pedir por aí, né?

E assim se vai conhecendo pessoas novas pelo mundo, e se vai dormindo em lugares diferentes a cada cidade. Enfim, agora que expliquei o esquema, preciso falar sobre o belga que me hospedou. Totalmente louco. Falava muito e rápido. Ele alegou que é porque estava dormindo pouco, devido aos estudos para a prova final. Mas não reclamo não. Assim, treinei meu ouvido para o inglês, além de conhecer alguns detalhes sobre a cidade.

Como várias outras capitais européias, ela representa bem a mistura entre o velho e o novo. No centrão, ruas estreitas de pedra, com calçadas pequenas, e uma arquitetura toda particular. Na parte nova, prédios imensos, modernos, sede dos diversos Parlamentos da cidade. É que a cidade é a capital da União Européia, o que a deixa muito cosmopolita.

Quis ir aos museus, mas quando dei por mim, já havia passado do horário de funcionamento. Aproveitei então pra ver o jogo contra a Coréia do Norte. Para a minha grande sorte, a brasileirada se reuniu na esquina da casa onde eu estava hospedado! Assim, não tive grandes problemas para me localizar e ver o jogo com algumas lembranças de como seria em terras tupiniquins!


Amsterdam

A cidade é uma gracinha, com seus muitos canais, cruzando várias e várias ruas. É como se fossem várias ilhas. O trânsito de bicicletas é algo incrível. Tem que se ter mais atenção com elas do que com os próprios carros. É tão comum esse meio de transporte que até eu aluguei uma pra passear pela cidade. Bom que matei saudades de andar de bike e ainda conheci várias ruelas de lá.

Era muito frequente lojas de lembranças, algo que senti falta em Bruxelas. E eles trabalham ferozmente em cima da imagem de cidade onde maconha é legalizada. Todas as lojas tinham camisetas da seleção ao lado de sedas e isqueiros. Isso sem falar do odor típico da cidade.

Lá conheci um casal brasileiro, em que ela faz faculdade na Austrália e está passando férias na Europa e ele largou o serviço público no Brasil para fazer uma surpresa pra ela. Cada um é cada um, né?

Minha visita por Amsterdam foi a mais rápida até agora, já que cheguei pela manhã de Bruxelas e no fim da tarde fui pra Colônia, na Alemanha. No fim do dia, imaginem meu cansaço! Pelo menos consegui ir à exposição do Worls Press Photo 2010 (prêmio das melhores fotos publicadas no ano passado). Imaginei alguns colegas da UFSC naquele lugar.

Continua...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sevilla!



Segunda parada: Sevilla

Após dois dias de chuva em Salamanca, com poucas saídas turísticas pela cidade, cheguei em Sevilla. Sol lindo, calor suportável, 1 milhão de pessoas (não é hiperbólico, esse é o número de habitantes). Além disso, fiquei na casa de 5 brasileiras, sendo 4 de Pernambuco (sotaque muito bom de se ouvir, mas que perde só para o mineiro) e 1 manezinha, minha colega de curso Gabi (2007.1).

Fiquei na cidade espanhola de sábado até segunda, final da tarde. Pude andar muito por lá, conversando sobre mil coisas, contando e ouvindo mil bafões, tirando várias fotos. Ainda tive a sorte de encontrar a Iana (2006.1), outra menina do curso, que também ficou hospedada na casa. Assim, tive a oportunidade de fazer 2 tours diferentes: um com uma "sevillana", ouvindo a história dos lugares, no domingo, e outro com uma turista, desbravando e nos perdendo juntos, na segunda. Mesmo com um mapa, foi surpreendente passar pelo mesmo local inúmeras vezes!

Acompanhei o pessoal no jogo da Alemanha x Austrália no domingo de noite, em um bar da vizinhança. É interessante ver que tinha gente torcendo muito por lá, já que em La Coruña não se via tanta empolgação com a Copa. Na verdade, comparo muito com o Brasil, onde se vê o assunto em tudo que é meio de comunicação, nas ruas, em bares e em diversas conversas. E será uma pena perder o jogo da Espanha, na quarta-feira, vendo com os nativos. Mas, e aqui é uma grande MAS, acompanharei o próximo jogo da Alemanha, contra a Sérvia, em Colônia! Ver os alemães vibrando será algo que me deixará muito perto de vocês aí no Brasil.

E assim se vai continuando a BIG TRIP. Assim que possível, escrevo mais sobre onde estou.

Continua...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Primeira parada: Salamanca



Salamanca!

Ao longo dos meses de intercâmbio eu conheci ou revi certas pessoas. Tive bons momentos com elas e, por consequência, recebi alguns convites, ameaças e intimidações. "Quando vem aqui pra casa, Faraó?" "Não vai nos visitar não?" "Não volte pro Brasil sem antes passar aqui, ok?". Diante disso, não tive muitas opções. É por isso que estou em Salamanca (Espanha), nesse exato momento. Estou na casa dos brasileiros que conheci no Marrocos.

A ideia original era vir alguns fins de semana atrás, mas, com a correria de fim de semestre, acabei adiando. Então, joguei pro início da BIG TRIP. Ou era aqui, ou Barcelona. Como não tenho a mínima vontade de conhecer lá, e ouvi muitos comentários péssimos, envolvendo 3 furtos e assaltos em 2 horas e cenas impróprias para menores de 18 anos acontecendo em metrôs, resolvi largar mão.

Eu tinha programado vir pra cá na quarta, dia 9, chegando de madrugada. Isso mesmo. Tinha programado. Mas, coisa nada inédita, eu perdi o ônibus. Sim. Ok. Eu já sei. Mas desta vez não foi culpa minha! De verdade. É que eu estava dependendo de um colega espanhol pra ir me buscar, junto com as minhas malas, e me levar pra rodoviária, e também deixar tudo na casa dele. Ideia legal, se o garotão não tivesse se atrasado e me feito perder o ônibus, por meros 5 minutos. Como a senhora do balcão foi muito com a minha cara, e viu a minha raiva/decepção e tudo o mais, substituiu minha passagem pra manhã seguinte, e não cobrou nada pelo ato. Além de ser mais cara a viagem pela manhã, eu estava errado em perder o horário. Gente boa ela! Acontecido isso, voltei pra "casa", saí com a letona e outros colegas e passei a pós-última noite em Coruña.

Aqui, cheguei com chuva. Mas consegui conhecer alguns pontos turísticos legais, como a maior Plaza Mayor da Espanha, tirei umas fotos, fui à loja de produtos chineses com as meninas, ajudei num churrasco, comi muito, e saí pra balada.

Enfim, como podem ver, estou vivo!

Continua...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

3, 2, 1, let's go!

E é dada a largada! Hoje começa tudo! Uma grande viagem pela Europa, uma viagem louca pelos meus pensamentos insanos, o começo do fim...

Já faz um tempo que pensei em estabelecer algumas metas para essa viagem. No estilo de beber café todos os dias, pra ver qual o melhor da Europa, ou fazer algo louco por dia, ou coisas do gênero. Mas, depois de avaliar a situação, vi que não teria como. Então, a meta que ficou é: aproveitar tudo, o máximo que conseguir, não importa onde nem como.

E, para se começar uma viagem, se necessita de uma mala. E foi complicado arrumar tudo. Não só pelo fato de organizar a mochila, mas também de colocar tudo que tenho em malas, saber que algumas coisas ficam, como toalha e roupa de cama, e deixar tudo na casa de um colega, porque, quando voltar de viagem, vou direto pro Brasil. Então, não tenho casa até chegar em terras brasucas, que seria no dia 22 de julho.

Pois é. 40 dias viajando. Já tenho as passagens de ida (La Coruña - Salamanca) e de volta (Roma - Santiago de Compostela). Durante, ninguém sabe. Na realidade, tenho tudo planejado. Quantos dias fico em cada lugar, quando chego e saio de cada cidade, mas prefiro deixar na cabeça isso. Aos poucos vou contando no blog. Pra segurar o leitor aqui. Jogo sujo, eu sei.

Enfim, espero sobreviver. Se sim, ninguém mais me segura.

Continua...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Semana agitada, Mari e João e Letônia em peso!

Hola, chicos

Sim, eu sumi. Sei disso. Mas entendam que as últimas semanas foram um tanto corridas. Primeiro, 7 dias pela Grã-Bretanha, entre Inglaterra, Escócia e Irlanda. Mas isso é coisa pra se contar com mais detalhes. Hoje, só o relato desses últimos dias.

Depois que voltei das ilhas britânicas, no dia 24 de maio, voltei às atividades acadêmicas. Começou Audio e Música Dixital. E foi muito boa! Bem no estilo que eu gosto. Aulas todos os dias pela manhã (10 horas), com matéria teórica e depois prática, com trabalhinhos diários. Bem longe do marasmo das outras asignaturas. Além disso, é algo de que gosto (áudio) e o professor ensinou a trabalhar em um programa inédito pra mim (Cubase). E, além de tudo isso ainda, éramos em 6, sendo 4 brasileiros. Mas era bem difícil estarem todos em aula, o que tornava algo bem particular, com o profesor estando sempre presente e tirando todas as dúvidas.

Essa asignatura começou na quarta 26, mas nem por isso não tinha compromisso com as outras matérias. Essa semana ainda tive duas provas, uma na segunda e outra na terça. E, com isso, dormir (tentar, pelo menos) e acordar cedo. Então, semana bem puxada. Na prova de segunda, Marketing Audiovisual, fui bem mal. Na de terça, Servicios Telemáticos, fui bem melhor. Tá certo que era múltipla escolha e que eram as mesmas perguntas dos últimos dois semestres, e que o professor ainda nos enviou por e-mail. Mas eu marquei e não decorei as respostas certas. Sim, fui bem manezão nisso. Estou torcendo para que tenha uma boa memória fotográfica.

Ainda em relação aos estudos, já fechei minha matrícula aqui na Universidad. Na real, resolvi a burocracia necessária, preenchendo um questionário e tudo. Deveria fazer isso na minha última semana aqui, mas como ficarei só alguns dias quando voltar da BIG TRIP, já resolvi tudo com antecedência. Normalmente não tenho muita sorte com essas coisas. Agora, só falta uma aula na segunda, para agilizar os trabalhos que ainda faltam, e a prova pela tarde. Depois, férias de Coruña! E a BIG TRIP!


Mari e João

No final de semana passado eu tive a visita da Mari Dutra, da minha turma do Jornalismo UFSC, e do João Paulo, amigo dela que conheci no Porto, e que faz Publicidade na USP. Tinha visitado eles na Queima das Fitas, no início de maio, e eles vieram retribuir a visita. Foi interessante minha primeira visita, no meu penúltimo final de semana em Coruña. Antes tarde do que nunca, né?

Chegaram na sexta e já fomos a um show de jazz. Chegamos nos últimos 10 minutos, mas foi bem legal! Vimos que perdemos uma grande apresentação. Depois, algumas tapas com os brasileiros daqui, prosseguindo com Máfia (joguinho bem interessante e que nos faz descobrir em quem podemos confiar ou não!), barzinhos pela noite e finaleira na casa do Lu e do Batata. No mínimo, interessante!

No sábado, levei-os para a Torre de Hércules, farol mais antigo em funcionamento. Ventinho frio e dia cambiando entre sol e chuva. Lá em cima, boas fotos como sempre. Depois, algum tempinho na praia, conversando sobre várias coisas, mas principalmente sobre as experiências vividas aqui. Pra completar o dia, uma ida ao cinema, já que estavam curiosos em saber como é a dublagem daqui, já que todas as películas, mesmo no cinema, são dubladas em español. Evento marcante!

A ideia para a noite era dar um cochilo e sair logo em seguida, mas acabamos ficando muito tempo nisso, já que não havíamos dormido muito na noite anterior. Acordamos com a Laura, colega de piso, nos chamando para uma festa reggae na praia. Não pude resistir. Só tinha espanhóis, com um reggae muito bom, e um visual melhor ainda. E ainda rolou banho de mar! Meu segundo, desde que cheguei aqui. Pra quem não sabe, a água é muito GELADA por essas bandas! E a primeira vez foi em 14 de março. Só dava eu e ela no mar. E ela é da Letônia, então está acostumada. Eu sou brasileiro, pô! Fui guerreiro!

No domingo de tarde eles foram embora. Nem puderam ver mais coisas por aqui, mas acho que valeu. Eu curti muito. E foi muito bom falar "até agosto, Mari"! Daqui 2 meses estamos tendo aulas juntos!

Metade da Letônia estava aqui

Nessa última semana nosso apartamento hospedou metade da população letona aqui em casa. Era a mãe e a tia da Laura. Só falta conhecer o presidente agora! Foi bem interessante, mesmo com a Laura e a mãe dormindo na sala, o que significa no lado da minha janela. Pra quem não sabe, minha janela é uma grande porta de vidro, que dá pra sala. Se eu fecho ali, não tem ventilação. É por isso que está sempre aberta, o que me impede de fazer coisa feia aqui (creio que algumas pessoas ficarão felizes com essa informação!).

Elas são bem legais, mesmo não rolando uma comunicação eficiente entre nós, já que elas não falam inglês e eu letão. Bem, o básico eu aprendi, como "bom dia", "obrigado" e "boa noite". Precisavam ver a felicidade delas quando comecei a falar isso. E ainda disseram que não tenho sotaque! Rolou um jantar letão aqui em casa no domingo, e foi uma loucura. Comida muito boa. Batatas (sem sal), couve, salsicha e salada, com um bolo delicioso de sobremesa. Já falei que vou comprar o pó pra fazê-lo no Brasil, quando voltar! Agora em junho estou indo pra lá, e é perigoso eu ser preso por tráfico de entorpecentes, de tanto pó que vou trazer!

É isso aí, minha gente. Faltam ainda 49 dias para voltar. Coração batendo mais forte, porque tenho uma BIG TRIP pela frente, e depois meu BRASIL querido! Voltar à família, amigos, pessoas amadas, curso e Jornalismo, com letra maiúscula! Até breve!

domingo, 16 de maio de 2010

Um pouco de jornalismo

Los cínicos no sirven para este oficio, de Ryszard Kapuściński

Há muito tempo, no Jornalismo, ouço falar sobre esse jornalista. Primeiramente, nas longínquas aulas de Técnica de Reportagem, Entrevista e Pesquisa (vulgo Redação I), ministradas pelo grande Mauro Silveira, ainda na primeira fase. Depois, na quarta fase, voltei a ouvir falar sobre com Ricardo Barreto, em Edição.

Kapuściński é historiador por formação, e nasceu em uma cidade que hoje pertence à Bielorrússia, mas que era polonesa ainda no ano de 1932. Morreu faz pouco, em 2007, em Varsóvia. Correspondente internacional desde o início da carreira, escreveu Ébano, O imperador, O império, A guerra do futebol e Xá dos Xás.

Li recentemente Viagens com Heródoto, no qual mesclava suas experiências iniciais como correspondente à história das nações contada pelo filósofo grego. Muito interessante o livro, e se adequou perfeitamente a minha primeira viagem aqui na Europa. Agora, li essa curta coletânea de entrevistas e palestras dele, dadas ainda nos anos 90. A seguir, alguns trechos, traduzidos livremente por mim.

"Esta é uma profissão muito exigente. Todas o são, mas a nossa de maneira particular. O motivo é que convivemos com ela 24 horas por dia. Não podemos fechar o escritório às quatro da tarde e nos ocuparmos com outras atividades. Este é um trabalho que ocupa toda a nossa vida, não há outro modo de fazê-lo. Ou, ao menos, de fazê-lo de um modo perfeito."

"Tem profissões para as quais, normalmente, se vai à universidade, se obtém o diploma e aí se acaba o estudo. Durante o resto da vida se deve, simplesmente, administrar o que aprendeu. No jornalismo, em vez disso, a atualização e o estudo constantes são a conditio sine qua non. Nosso trabalho consiste em investigar e descrever o mundo contemporâneo, que está em mudança contínua, profunda, dinâmica e revolucionária. Dia após dia temos que estar ciente de tudo isso e em condições de prever o futuro. Por isso é necessário estudar e aprender constantemente."

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Procurando na internet sobre Kapuściński, descobri uma biografia escrita por seu amigo Artur Domoslawski, Kapuściński Non Fiction.

Segundo esse livro, muitas das lendas por detrás do historiador/jornalista/escritor são ficcionadas ou manipuladas. Sua amizade com Che Guevara nunca existiu. O personagem principal de Ébano, o líder africano Patrice Lumumba, já havia sido assassinado quando o polaco pisou em terras africanas pela primeira vez. Com isso, fica a dúvida se lemos grandes reportagens ou livros ficcionais. Como o que move o mundo é a tentativa de solucionar todas as dúvidas, decifremo-las.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Servicios Telemáticos

!Hola, chicos!

Depois de dois dias estudando español para a prova final de amanhã, resolvi vir contar como foi a disciplina de Servicios Telemáticos. Ela veio, ficou e já foi embora. E, caso me perguntem como era, não saberei defini-la.

O professor, Xavier Alcalá, é um bom velhinho. Já no primeiro dia falou castelhano, latim, português e francês, além de dar as aulas em galego. Foi o primeiro, até agora, que fez isso. Mesmo estando na Galícia, as aulas são dadas sempre em castelhano. Mas, como ele sabia que estávamos em 3 brasileiros, sempre ficava na dúvida se falava só galego ou também em português. É muito semelhante!

Teoricamente, teríamos 8 dias de aula, das 16 às 20 horas. O cara já faltou na primeira semana, o que dá 2 dias (1ª e 2ª aulas). Na semana seguinte, fomos na segunda () e quarta-feira (). Tivemos que faltar na terça () para poder fazer umas gravações para outro trabalho. O bom velhinho, então, nos deu a matéria que havíamos perdido. Simpático, não? E, na sexta-feira (), como eu teria aula de espanhol, faltei. Então, fui ainda na segunda-feira () e na terça (8ª e última aula). E, como havia uma mulher que surgiu do nada, ele fez uma grande revisão de tudo. Coitados dos alunos que foram a todas as aulas. Viram o material 3 vezes! Eu mal aguentei uma!

A quantidade de alunos também é um ponto que conta muito. Estávamos em 3 brasileiros, outros 3 chicos e uma garota, que, nas aulas em que fui, não a vi. Isso sem falar na mulher que apareceu na última aula. E esse número sempre variava. Nessas horas tenho muita dó do professor. Mesmo não gostando da aula dele, evitava de faltar. O bom velhinho era um poço de conhecimento!

Agora, em questão de matéria, não sei bem explicar. Era algo muito técnico, sobre internet, redes e troca de informações. Para mim, uma disciplina para Sistemas de Informação, ou qualquer outro curso que envolva tecnologia ou internet. Como eu nunca tive muito interesse em Jornalismo & Internet, era uma tortura ir a essa disciplina. Agora, esperar a prova, certo?

E, para finalizar, um conceito muito propício que ele nos ensinou: "O Jornalismo é um oceano de conhecimento, mas com 1 centímetro de profundidade."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fim de semana no Porto



!Hola, chicos!

Faz um tempinho que não escrevo aqui, então resolvi colocar primeiro os fatos mais importantes. Leia-se: VIAGEM!

A ideia de ir pro Porto (Portugal) surgiu quando o Fabrício, gaúcho de Sentinela do Sul, me convidou, há muito tempo, para ir ao Mundial de Motocross, que seria próximo ao Porto. Como não sou de recusar companhia aos amigos, encarei a ideia.

Partimos sábado pela manhã, de autocarro. Encontramos outro cara da turma que havia perdido o ônibus do dia anterior por 3 minutos. Sim. Meros 3 minutos! Quando querem, eles conseguem ser precisos. O condutor não estava com bom humor, sendo nítido assim que entramos no veículo. Até aí, tudo bem. Quem nunca acordou de mau humor? Mas o fato era que ele era escroto mesmo. Em Vigo, numa parada de 5 minutinhos pro banheiro, um casal (creio eu de alemães ou algo assim) se atrasou. Ok. Eles estavam errados. O que que o motorista fez? Partiu! É! Deixou o casal lá. E, até onde sei, tudo que era deles ficou no bagageiro. Isso sem falar que o próximo veículo era no dia seguinte, na mesma hora. Não tenho palavras para descrever a minha reação e a atitude do queridão.

Chegando na cidade portuguesa, chuva para nos recepcionar. A ideia original era ficarmos em um albergue, mas ele era muito longe do centro e da estação de trem, onde deveríamos estar cedo no dia seguinte. Fomos então em caminho ao centro, para ver se encontrávamos algum lugar. Depois de pedir ajuda nas Informações, chegamos a um hotel. Último andar, como era de se esperar de pessoas com classe, certo? E mais barato que o albergue.

Depois de nos alojarmos e de muitos telefonemas e desencontros, finalmente encontrei a Mari, da minha turma do Jornalismo. Esse encontro não foi por acaso, como aconteceu outras duas vezes em Madrid. Passeamos, então, pela cidade. Com momentos de chuva e de trégua, conseguimos ir a muitos lugares. E, no final, ainda degustamos a famosa francesinha. É um sanduíche feito de pão de forma, com muito queijo, hamburguer, batata frita e ovo, e com um molho muito picante. Delicioso. E, segundo nossa guia, foi inventando por um chef rancoroso diante dos comentários dos colegas franceses. Por isso que o prato é tão gorduroso, em oposição às minúsculas e chiques iguarias da terra da Torre Eiffel.

De noite fomos à Queima das Fitas, uma festa que dura a semana toda e que se consiste em um lugar com show, tanto nacional ou internacional, e com várias barracas de cursos universitários, que vendem desde comida até caipirinhas, além de brinquedos de parques de diversões. No sábado era uma versão portuguesa do Roupa Nova. Sim, triste, eu sei. E descobri que teve até Marcelo D2. Lá, conheci o João, que faz publicidade na USP, e a Laura, madrileña. Os dois na mesma turma da Mari. Ainda íamos encontrar a Ceci, minha caloura que cursou algum tempo a UFSC e que pediu transferência para a Universidade do Porto. Mas como seu namorado estava doente, não foram enfrentar a chuvinha constante. Devo confessar que matei uma puta saudade de Campo Grande. Shows assim são "comuns" na cidade, umas duas ou três vezes ao ano, mas bem nesse estilo, com muita gente, barracas e brinquedos. E como eu sinto falta disso! Floripa é uma cidade de freiras.

No domingo de manhã partimos, eu e Fabrício, para Agueda, cidade onde seria o GP. Dois comboios e lá chegamos. Até surgiu a ideia de que a humanidade havia acabado enquanto viajávamos, mas, pelos senhores no bar próximo à estação, vimos que não.
Rolou uma caminhada pela cidade, não para conhecê-la, mas sim para achar um táxi que nos levasse à corrida. Por sorte, não choveu esse dia, o que nos permitiu apreciar a corrida. Fui na parceiragem, mas acabei curtindo o evento. E ainda rolaram várias fotos legais. Isso é muito bom!

Voltamos pro Porto, e passeamos mais um tanto. Rolaram muitas conversas e trocas de impressões, sobre a vida, cidades onde estudamos, onde crescemos, futuro e passado. Depois ainda encontramos a Mari e o João, para uma refeição noturna e uma última e boa conversa. No fim da noite, mais precisamente 00.30, pegamos o autocarro para La Coruña. Não preciso dizer que cheguei morto às 6 horas, e que depois só fui levantar da cama às 12.00.

Enfim, a viagem foi bem legal. Mesmo com chuva e pouco tempo, conseguimos conhecer um bom pedaço da cidade. Nossa guia nos contou muitos detalhes, como o fato da J.K. Rowling ter vivido no Porto enquanto escrevia os primeiros livros do Harry Potter. Então tem muitos lugares que inspiraram cenários dos livros, assim como o traje que os bruxos usavam. Era muito comum ver jovens, pelas ruas, vestindo capas. Lá, visitamos o Palácio da Bolsa, onde até hoje acontecem reuniões importantes. E a guia ainda explicava tudo em espanhol e francês.

Curti também porque passei um tempo com uma pessoa querida e que já fazia falta na UFSC. Senti muito por não ter conversado com outra pessoa, que mesmo tento pouco contato enquanto estudamos juntos, sei que é boa gente e que tem as mesmas dúvidas que eu e muitos outros temos ou tivemos em terras estrangeiras. Eu ainda sei que vou voltar, em pouco tempo. Ela, ainda tem alguns anos pela frente. Logo, suas dúvidas são maiores. Mas as dúvidas nos fazem mudar. Vou terminar meu texto com uma frase incrivelmente boa, da Mari (não me processe!).

"Tenho mais medo de não mudar do que da própria mudança."

domingo, 2 de maio de 2010

Semaninha tranquila em casa

!Hola, chicos!

Essa semana foi tranquila. Sem muitos problemas. Cheguei no sábado de noite e, desde então, tenho ficado bom tempo em casa. A disciplina de Postprodución de Audio e Video teria terminado, teoricamente, na terça, com um prova. Isso me fez estudar muito no domingo, lendo a apostila que o professor passou. Só depois fui descobrir que o exame tinha sido adiado para essa terça. Ok. Quem sou eu pra reclamar?

Teoricamente, também, era pra eu ter aula de Servizos Telemáticos. Não me perguntem do que se trata, pois não tenho a mínima ideia. Já na quarta, quando seria a primeira aula, o professor não foi. Na sexta, quando seria a segunda, eu não pude ir porque tinha aula de espanhol para estrangeiros no mesmo horário. Optei, então, pelo espanhol, que me permite ter apenas duas faltas. A vida é feita de opções, certo?

Essa semana fiquei muito puto com os italianos. É que nós começamos a jogar bola, faz duas semanas, às quintas-feiras. Eu e o carioca marcamos a primeira semana, e foram 11. Pra segunda, que eu não pude ir (estava no Marrocos), foram 12. Portanto, já era "tradição" o futebol da quinta, certo? Parece que eles não entenderam muito bem. Fomos os 3 brasileiros, e nada de ninguém aparecer. Isso sem falar que o italiano que disse que ia reservar a quadra não o fez. Depois não sabem porque não gostam de italiano por aí.

No mais, a semana foi tranquilaça. Comecei a correr, já achando que estou no verão brasileiro, sem camisa, só faltando a mulherada bonita e de biquíni. Doce ilusão. Além disso, películas e uma ou outra saída estratégica com o pessoal. Só pra fazer a social.

É isso aí pessoal!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Segundo mês aqui



Pois é. Mais um mês na Europa. Como passa rápido, né? Nem vi passar esse segundo mês. Talvez porque viajei bastante, ou então porque tive muito tempo de ócio. Vamos à avaliação!

Conheci muitos lugares. Madrid, Paris, Clermont Ferrand, Marrakech, deserto. Uns, eu gostei. Outros, não muito. Normal. Situações diferentes. Organizei pra fazer tudo sozinho, já que é complicado combinar meus horários com o pessoal daqui. Além do mais, fui por preços baratos e lugares que queria muito conhecer. Pra Madrid, foi o fato de ter uma lacuna entre Santiago e Paris. Paris, porque precisava colocar em prática meu francês. Clermont Ferrand, porque surgiu a oportunidade de visitar um amigo da UFSC. Marrakech, voo barato mesmo!

Durante as viagens, pensei muito. Na primeira viagem, fiquei meio depressivo. Bateu forte a saudade. Não ter alguém ao lado para comentar sobre a arquitetura, o preço da comida ou mesmo o clima. Não ter com quem compartilhar as emoções. Foi complicado. Na segunda, foi bem diferente. Encontrei 3 brasileiros gente boa, e rolou aquela química. Métodos de viagem parecidos, humor mais forte. Aliado ao local, que superou todas as minhas expectativas, me fez ter boas recordações.

Esse mês me fez ver como tenho que agradecer imensamente a minha família, mais precisamente aos meus pais. Eu tenho poucas lembranças de minha infância. Acredito que bloqueei tudo, por algum motivo desconhecido. Só lembro de fatos a partir dos meus 12 anos. Um dia eu ainda descubro o porquê disso. Enfim, lembro que não tinha algumas coisas que meus colegas tinham, como video-game, ou mesmo muitas crianças da minha idade para brincar. Isso me obrigou a brincar sozinho, com os GIJoe do meu irmão. Minha criatividade foi às alturas com isso. Minha maturidade também. Tinha muito contato com crianças mais velhas.

Meus pais, além disso, me ensinaram que uma coisa que nunca ninguém pode tirar de mim é o meu conhecimento, o que eu vivi na vida. Um carro, um video-game, tudo pode estragar, ser roubado ou algo do gênero. O que tem na minha cabeça não (exceto em caso de acidente ou bloqueio de lembranças). Enfim, os livros que li, os filmes que vi, os cursos de línguas, tudo está aqui (estou apontando para minha cabeça nesse momento).

Eu vi, nessas viagens, como foi fundamental os idiomas aprendidos. Pensar que posso ir a um país diferente e me comunicar me anima muito. Meu francês está muito enferrujado, mas consigo o que quero sem problemas ou dificuldades. E ver os marroquinos falando 4 ou 5 idiomas me mostrou que posso querer mais. Só basta querer. Além disso, eu fiquei com muita vontade de aprender mais e mais. Pra que economizar? Não estarei matando meus neurônios com mais conhecimento.

Assisti muito filme também. Tento mesclar produções estrangeiras e nacionais. Que eu me lembre, foram Brilho eterno de uma mente sem lembranças, Adeus Lenin, Milk, Ultimato Bourne, Incrível Hulk, Senhores do crime. De nacional, Batismo de Sangue, O invasor, Meu nome não é Johnny, Apenas o fim e Budapeste. Esse último, baseado no livro de Chico Buarque, me inspirou ainda mais. Conta a história de um escritor que vai de mala e cuia para a Hungria, sem saber falar nada da "língua que até o diabo respeita". E aprendeu! Quem sabe um dia eu não faço igual?

É isso aí minha gente. Faltam agora menos de 3 meses. Acredito estar aproveitando bem minhas "férias", engrandecendo meu conhecimento. Até qualquer hora dessas!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Marrocos em 4 dias



!Hola chicos!

Bom, o que dizer do Marrocos? Tudo foi muito bom! Uma experiência única, e que me abriu os olhos para algumas coisas. Então, vamos lá:

Segunda-feira, 19 de abril

Rolou uma tensão já pela manhã. Eu havia recebido um e-mail da empresa aérea sobre um cancelamento do meu voo. Fiquei preocupado. Depois de procurar telefones e horários de voo, descobri que estava confirmada a minha viagem. Acredito que me mandaram esse correo para que eu trocasse de voo e assim ajudasse a evitar o caos aéreo. Não me sensibilizei e fui mesmo assim. De noite, cheguei a Madrid, onde passei a noite, dormindo em cantinho aconchegante do aeroporto.

Terça-feira, 20 de abril

Cheguei logo cedo em Marrakech. Já no ônibus conheci 3 brasileiros, Rodrigo, Laura e Vanessa. Os dois primeiros moram já há algum tempo na cidade, onde ele trabalha e ela cursa Biologia, e a Vanessa, que estuda Direito, está fazendo intercâmbio. Como eles iriam voltar no mesmo voo que eu, no Sábado, resolvemos ficar todos juntos em um hotel.

O hotel que havia sido indicado pra eles foi muito complicado de achar, mas, depois de encontrarmos uma mulher bondosa, fomos guiados até lá. Discutimos o preço já na entrada, e pagamos poucos 6 euros por ele. Pechincha. Instalados, fomos em procura da agência que organiza a viagem pelo deserto. Optamos por dos días e una noche. Pechinchamos também o valor, e pagamos 50 euros, com jantar, café-da-manhã e passeio de camelo.

Com tudo organizado, fomos andar pela cidade. Arquitetura bem diferente da européia, com um povo característico, com seus trajes e comportamentos. Munidos de um mapa, percorremos alguns pontos turísticos, como Place Jemma El Fna, Palais Badi, Palais Bahia. Isso sem falar nas vielas onde têm lojas por todos os lados. Verdadeiros labirintos. De noite, ficamos no hotel, já que teríamos que acordar cedo no dia seguinte.

Quarta-feira, 21 de abril

Saímos logo cedo para viajar para o deserto. Era uma mini-van, com nós brasileiros (4), madrileños (4) e uma francesa. A viagem é meio cansativa, já que ficamos meio apertados no carro. Não contabilizei o horário, mas parávamos de tempos em tempos para tirar fotos e esticar as pernas. O interessante era ver as paisagens. Mudavam sempre, entre penhascos, dunas, palmeiras, montanhas... Depois, ainda vimos o pôr do sol, enquanto andávamos a camelo. Experiência divertida. Lembra muito cavalo, mas tem um caminhar característico.

Chegamos ao acampamento já de noite, e conhecemos nossa tenda. Grande, com colchonetes pelo chão, duas mesas e muitos cobertores. Tinha mais umas 5 tendas assim, mas nem chegamos a conhecer muito os outros turistas. Como ventava muito, rolou um encontro dentro de uma tenda. Não sei se o normal é ter fogueira ou não, mas foi assim, meio bobinho o nosso meeting. O bom é que conseguíamos conversar em espanhol com os guias. Ouvir o vento, no deserto, de noite, é algo muito bom! Único!

Quinta-feira, 22 de abril

Queria muito ter visto o nascer do sol, mas não rolou. Quando acordei, o sol já estava alto, o que não quer dizer que acordei tarde, ok? Depois do café-da-manhã, camelos para voltar. No dia anterior eu tinha pego o mais arredio, o Ymontep, mas não sabia quem era ele, então peguei qualquer um. Nossa amizade não era tão forte assim. Depois, mais muito tempo na mini-van, no caminho de volta pra Marrakech. Rolou até um enjoo geral, já que o motorista corria muito, para chegarmos no horário previsto.

Como escurecia muito tarde, aproveitamos o tempo para andar mais pela cidade. Ver preços, pessoas, cultura, turistas. Enfim, tudo.

Sexta-feira, 23 de abril

Pela manhã fomos ao museu Dar Si Saidi. Tem uma ou outra boa atração, mas não foi um grande lugar que conheci. Depois, mais passeio pelas ruas e pelos mercadores. Confesso que passei grande parte do tempo entre uma loja e outra. Como estava com duas garotas, e era dia de fazer compras pra família e amigos, dedicamos um tempo a isso. Mas não foi tão fácil assim. Passei os 4 dias procurando por um relógio de bolso, no estilo que meu pai tinha, e não o encontrei. E olha que perguntei, hein! Inglês, francês, espanhol. Até em mímica. Pra não dizer que não encontrei, achei um por 20 euros (barganhei, mas ele não aceitou) e outro por 80. Voltei de mãos vazias.

Pela tarde fomos aos Jardins de Menara, onde tem o Mémorial Yves Saint Laurent. Muito florido, e com muitos turistas. Lugar agradável para se passar uma tarde. Foi até reconfortante, depois de estresse psicológico com os mercadores. À noite, um jantar já nostálgico de Marrakech, em um restaurante com vista para a Place Jemma El Fna.

Sábado, 24 de abril

O voo era logo cedo. Rola uma certa burocracia, já que é voo entre Europa e África. Nada fora do comum. Chegando em Madrid, despedida no metrô. Os brasileiros foram pra Salamanca, enquanto eu fui ao Museu Reina Sofia. Pra ser bem sincero, esperava mais dele. Me encantei mais com o Prado, com obras clássicas. O Reina Sofia é moderno demais para os meus parcos refinamentos.

Para quem não lembra (ou não leu), eu havia encontrado uma menina do Jornalismo UFSC em Madrid na primeira vez em que lá estive. Estávamos no mesmo albergue, e nos vimos ao acaso. Agora, só para não perder o costume, estava eu tirando umas fotos de uma manifestação, quando encontrei outra guria do curso. Novamente, ao acaso. É por essas e outras que eu digo que o mundo é muito pequeno.

Constatações

Para resumir tudo, adorei a viagem. Foi algo inesquecível. Conversei com muita gente, desde os recepcionistas do hotel e mercadores até os bérberes e nômades. Eles falam, como línguas oficiais, árabe e francês. Mas é normal também falar inglês, espanhol e italiano. Gente simples falando mais idiomas que o pessoal que está na universidade, no Brasil. Está certo que é necessário para eles, já que vivem do turismo, mas também é necessário saber falar várias línguas hoje em dia, ainda mais no mercado brasileiro, que está mais competitivo do que nunca. Aprendi algumas palavras, como "oi, tudo bem?", "obrigado" e "de nada", em forma de respeito, já que estava no país deles. Se mostravam felizes, vendo que não estava lá só para usurpá-los. Até perguntaram se eu sabia falar árabe. Se soubesse, seria tratado como rei.

Na viagem ao deserto, vi muita paisagem diferente. Lembrei do Brasil, em que passamos de São Paulo e Minas Gerais, onde tem tanta cidade, à Bahia, onde já impera uma vegetação mais escassa e quase nenhum povoado. O relevo também é muito diferente. Além disso, pessoas nas ruas com roupas locais. Velhos, crianças, jovens. Trânsito caótico. Só de ficar sentado em um canto, observando as pessoas, tanto nativos quanto turistas, já é algo maravilhoso. Ouvir, ver, sentir. Enfim, algo que recomendo a todos. Fiz muita propaganda desde que saí de lá. Não é um lugar que gostaria de morar, mas, se tivesse uma oportunidade futura para voltar, voltaria.

!Abrazos e besos a todos!

domingo, 18 de abril de 2010

Grande almoço verde e amarelo



!Hola chicos!

Como havia dito anteriormente, hoje meu piso foi palco de um almoço brasileiro. No final das contas, tudo foi muito divertido.

A preparação começou ontem, no sábado. Com uma receita em mãos, fui ao mercado fazer as compras. Tive algumas dificuldades, como saber o tamanho ideal da cebola, ou mesmo achar o maldito creme de leite. Onde fui comprar não havia, o que substitui prontamente por nata de leite. O meu erro foi não ler MONTAR, o que significa que aquilo era para fazer chantilly. Pois é. Homem fazendo compra dá nisso!

Depois de chegar em casa e conferir a receita de outra brasileira, vi que teria que voltar lá e comprar outra nata, além de mais 3,5 kg de frango. O 1,5 kg inicial não daria conta de 23 pessoas.

Como fui convidado de última hora para um almoço na casa de uma carioca (ela estava com visita em casa, e a visita não foi almoçar, avisando só depois da comida estar pronta. Portanto, fui lembrado e me dei bem). De lá, fomos comprar o necessário para fazer pé-de-moleque. Almoço brasileiro com sobremesa brasileira. Nada mais natural.

Foi complicado achar os cacahuetes. Mas, como somos brasileiros e não desistimos nunca, e quem procura acha, e tudo sempre dá certo no final, achamos os amendoins. Depois, rumamos para minha casa para começar a produção. Foram diversos percalços até obter o resultado final. Foram 2 panelas, uma porção queimada de leve (adivinha quem era o responsável pelo amendoim queimado?) e muita ginástica braçal. Mas, enfim, ficaram prontos. E devo confessar que o resultado foi bom! Mereceu o esforço. E é mais uma receita pra listinha! Arroz, macarrão e pé-de-moleque. Agora posso casar!

Hoje pela manhã, aquela limpeza na casa. varrer o chão, lavar a louça, a fim de deixar tudo pronto. Coincidentemente, chegaram primeiro as mulheres (e um gaúcho). Então, dá-lhe cozinha. Começou-se a produção, com carne sendo cortada em pedaços, cebolas e tomates sendo picados, fofocas sendo comentadas. Uma cozinha normal. Depois do arroz ser queimado de leve (dessa vez não foi culpa minha) e de um certo desespero, tudo ficou pronto. Nessa hora já haviam chego quase todos os brasileiros. De brasileiro, aqui em La Coruña, são 16 (7 de SC, 4 de RJ, 2 da BA, 1 do PA, 1 do RS e 1 de SP). Ainda vieram mais 5 brasileiros de Coimbra, passar o fim de semana, mais a namorada do paraense, que mora em Vigo, e ainda a amiga da carioca, que está em León. Essa última nem ficou pro almoço, porque precisava pegar o ônibus.

Foi meio complicado comportar todo mundo em casa, mas, no final das contas, ficou tranquilo. Havia o espaço da sala, com sofás, a cozinha, e o lounge, vulgo quarto, onde ficou o pessoal mais tranquilo, no chão ou em cima do meu colchão, vulgo cama. Muita conversa, gritaria, viagens combinadas. Muitos elogios a minha iniciativa, de colocar todo mundo junto (agora todo mundo conhece todo mundo) e de ceder a casa. Isso que dá ser de movimento estudantil. Agora, só organizar uma passeata e fico realizado.

No final de tudo, sobrou muito pé-de-moleque, uma quantia legal de strogonoff para o almoço de amanhã, refris, chá e cerveja, e uma cozinha com louça suja e chão molhado. Nada que um bom reagge no computador e força de vontade não resolvam. Resumindo, domingo produtivo.

sábado, 17 de abril de 2010

Tapas baratas, futebolzinho brasileiro e almoço verde e amarelo



!Hola chicos!

Pois é. Mais um tempinho sumido. Mas não escrevi muito por não ter o que escrever. Não foi por algum problema nem nada parecido. Ontem até cheguei a começar a escrever, mas tive que ir pra aula e depois não deu mais tempo. Então, vamos lá!

Terça-feira eu tive a prova de Xéneros Audiovisuais. 5 questões, algumas de enumerar. Creio que fui bem. Agora falta entregar um trabalho individual essa semana. Vamos ver no que que dá, né? E a aula de Postprodución, pela tarde, foi legal. Além do professor ser muito bom, ele gosta muito do Brasil e vive fazendo reportagens por lá. E ainda é a aula em que os 5 brasileiros do curso se encontram, o que fica muito mais animado!

Eu vivo reclamando do meu horário aqui. Um exemplo foi essa semana. Eu tive aula de manhã e a tarde (8 horas no total) segunda e terça. Já na quarta e na quinta, nada de aulas. Só tive ontem, na sexta, porque é a aula de espanhol. Se não, estaria livre também.

Na quarta-feira fui com o pessoal a um bar no Centro Comercial de Ocio, vulgo shopping. É nesse dia que rola uma promoção de todos as tapas serem 1 euro. Tá certo que são pãezinhos com pouca coisa dentro, mas a questão é que nos demais dias custa até 2 euros. Então ficamos com a ideia de desconto na cabeça. E o pessoal gosta também porque a jarra de cerveza é 1 euro, sendo que são uns 700 ml. Daí bebem muito!

O Micael, carioca que faz comunicação comigo, estava comentando que os espanhóis não têm o costume de marcar futebol aqui, pro pessoal se reunir e bater uma bolinha. Falei então pra gente marcar e chamar quem quiser. E foi o que aconteceu. Cuidei da quadra e ele dos jogadores. O problema foi que a quadra coberta estava já marcada pra semana toda, enquanto que a externa estava livre. Isso se deve porque ou faz muito sol aqui ou chove. São esses dois tipos de tiempo que temos em La Coruña. E ainda vimos que choveria a partir de quarta, e nosso jogo seria na quinta. Foram momentos tensos. Quarta de noite discutíamos se iria ter jogo ou não. Quinta de manhã, quando fui pagar a quadra, rolou outro debate a respeito de chuva (estava um sol lindo). No fim, marcamos. Ninguém é de açúcar, né? E tivemos muita sorte, ao final de tudo, porque choveu bem no finzinho, depois de mais de 1 hora jogando e todo mundo cansado. Foi providencial!

O jogo foi bem interessante. No nosso time éramos 3 brasileiros, 1 francês e 1 espanhol, enquanto que no outro eram 3 espanhóis e 3 italianos. Começamos levando o primeiro gol, depois de uns 20 minutos, mas, no final, ficou 9 a 4 pra gente. E como eu estava em um dia de muita sorte, e aliado ao péssimo desempenho dos italianos, fiquei conhecido como bom portero. Os italianos até falaram pra eu defender pra eles no próximo jogo. É assim que se começa uma lenda. Ou uma grande mentira.

Agora tenho que comprar os ingredientes para o almoço verde e amarelo. São 16 brasileiros que moram aqui, em La Coruña. Ainda vem a namorada de um deles, e mais 5 de Coimbra. Ao todo, 22 cabeças aqui na minha sala de estar. Ainda bem que minhas companheiras de piso estarão fora! Depois dessa, quero ver alguém falando que não conhece os outros brazucas daqui. Isso tudo se deve a minha saudade do Centro Acadêmico, de organizar algo pra muita gente. E como rolou eleição pro CA no jornalismo da UFSC, bateu a grande saudade. Depois desse almoço, devem rolar mais alguns jantares (não com todos, obviamente!) e até um dia a mais de futebol. Só o tempo dirá.

Devo sumir novamente (não por preguiça, veja bem!) nos próximos dias. É porque segunda estou indo pra Marrakech, no Marrocos, e volto no sábado. Dessa vez já estou indo com albergue reservado, tudo bonitinho. Essa agora é sempre minha preocupação. Comprar passagem e reservar albergue! Pensei muito a respeito do couchsurfing, método barato de se viajar, em que o viajante fica hospedado na casa de alguém por alguns dias. Mas eu tentei isso pra Semana Santa e só levei recusa. Além do mais, ficando em um albergue (barato), eu posso sair e voltar a qualquer momento, não tenho que me preocupar se estou atrapalhando o meu anfitrião. Assim sendo, por enquanto vou de albergue sem peso na consciência.

Isso é tudo pessoal! Até a vista!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Universidad, ócio e salidas




!Hola chicos!

Devem ter percebido que sumi do mapa. Pois é. Estava aqui o tempo todo, mas essa semana foi um pouco corrida, pelo menos mais do que o que estou acostumado em terras espanholas. Tentarei ser fiel à realidade no que aconteceu nos últimos dias.

Universidad

Tive aula de terça a sexta. Segunda foi feriado. Por isso até que só cheguei aqui na segunda fim de tarde. Enfim, foram aulas todas as manhãs, de 9 às 13, de Xéneros Audiovisuais e Experimentación Mutlimidia. Aulas bem tranquilas, de leve. O problema é que tenho prova amanhã. Vamos ver no que que dá, né? Tivemos um trabajo final, em que tínhamos que "produzir" um programa. Tudo no papel, bem definido, e bem realista. Além da teoria, teríamos que gravar algo.

Fizemos, então, uma entrevista com um rapper da sala. Já gravou CD e tudo. Depois de muito trabajo para descobrir como manusear as câmeras, gravamos. Embaixo de um sol infernal, em uma estação de trem próxima à universidade, fizemos o serviço. Após tudo isso, ainda descobrimos que uma câmera não filmou. Ou seja, um certo desespero bateu. Mas nada abate esse que vos fala. Depois de tanta experiência em edição de vídeo, de classes, bolsa, frilas e Semana, dá-se pra fazer qualquer coisa com poucas imagens. Domingo de tarde (sol a pino e eu trancado em um piso) editamos tudo e confesso que ficou bom. Tá certo que o grande trabalho ficou com 2 espanhóis, que é selecionar as imagens e os tempos. Só tive mesmo que colocar em ordem. Mas eles não manjavam do Premiere (programa usado para editar vídeos), e eu sim!

Tive aula também de Postprodución de Audio e Video, na terça de tarde (16 às 20). O professor, repórter de algum canal daqui, manda bem. Já fez muita reportagem por aí. Na terça, mostrou uma grande reportagem (uns 40 minutos) sobre o MST. Falava sobre Carajás, entrevistava o Stedile (falou até em espanhol!) e também não deixou faltar os índios. Interessante. Na aula de hoje, mostrou uma reportagem sobre minas de carvão na Romênia. Boa! Pena que não é na UFSC. Seria mais bem aproveitado.

Ócio

Peguei dois livros pra ler: El nombre de la rosa, de Umberto Eco, e Persépolis, de Marjane Satrapi. O primeiro, sobre um crime acontecido na idade média em uma abadia. Gerou um filme com Sean Connery e Christian Slater. Depois vejo a película. O segundo é uma história em quadrinhos sobre a vida de uma mulher iraniana. Uma vez vi a animação, no DCE. Gostei bastante, e agora lerei a original.

De filmes, vi Os suspeitos, com Kevin Spacey e Benicio del Toro. Além disso, vi também El escritor no cinema. Ver o 007 (Pierce Brosnan) falando "Hola, tio" não é fácil! Mas tudo bem. Abrir a mente, certo?

Salidas

Saí um pouco, para sociabilizar. Na quarta, por exemplo, tem um bar no shopping perto de casa em que os lanchinhos são 1 euro. Baratos e gostosos. Estávamos em uns 15 da sala de aula. Na quinta saí novamente com eles. E na sexta houve uma festa de Sociologia, na Universidad. Bem fraquinha, como as de Ciências Socias da UFSC. Deve ser o curso. Depois, fomos para outros lugares. E assim vai. E aprendo cada vez mais o español de las calles. Até ensino algumas coisas pro pessoal aqui! Já falei que aprendo o espanhol correto nos livros e nas aulas, enquanto o espanhol de verdade aprendo nas ruas, com o pessoal.


O universo está conspirando ao meu favor. Estava pensando em fazer um almoço verde e amarelo, e descobri que no final de semana estarei sozinho aqui. Então, chamei o pessoal pra vir aqui. Domingo será dia de "almoço de família". A ideia é fazer strogonoff, ou algo do gênero. E, até agora, são 8 confirmados, chegando a 16 convidados. Se rolar, coloco algumas fotos aqui.

É isso aí pessoal. Até a próxima!