terça-feira, 27 de abril de 2010

Segundo mês aqui



Pois é. Mais um mês na Europa. Como passa rápido, né? Nem vi passar esse segundo mês. Talvez porque viajei bastante, ou então porque tive muito tempo de ócio. Vamos à avaliação!

Conheci muitos lugares. Madrid, Paris, Clermont Ferrand, Marrakech, deserto. Uns, eu gostei. Outros, não muito. Normal. Situações diferentes. Organizei pra fazer tudo sozinho, já que é complicado combinar meus horários com o pessoal daqui. Além do mais, fui por preços baratos e lugares que queria muito conhecer. Pra Madrid, foi o fato de ter uma lacuna entre Santiago e Paris. Paris, porque precisava colocar em prática meu francês. Clermont Ferrand, porque surgiu a oportunidade de visitar um amigo da UFSC. Marrakech, voo barato mesmo!

Durante as viagens, pensei muito. Na primeira viagem, fiquei meio depressivo. Bateu forte a saudade. Não ter alguém ao lado para comentar sobre a arquitetura, o preço da comida ou mesmo o clima. Não ter com quem compartilhar as emoções. Foi complicado. Na segunda, foi bem diferente. Encontrei 3 brasileiros gente boa, e rolou aquela química. Métodos de viagem parecidos, humor mais forte. Aliado ao local, que superou todas as minhas expectativas, me fez ter boas recordações.

Esse mês me fez ver como tenho que agradecer imensamente a minha família, mais precisamente aos meus pais. Eu tenho poucas lembranças de minha infância. Acredito que bloqueei tudo, por algum motivo desconhecido. Só lembro de fatos a partir dos meus 12 anos. Um dia eu ainda descubro o porquê disso. Enfim, lembro que não tinha algumas coisas que meus colegas tinham, como video-game, ou mesmo muitas crianças da minha idade para brincar. Isso me obrigou a brincar sozinho, com os GIJoe do meu irmão. Minha criatividade foi às alturas com isso. Minha maturidade também. Tinha muito contato com crianças mais velhas.

Meus pais, além disso, me ensinaram que uma coisa que nunca ninguém pode tirar de mim é o meu conhecimento, o que eu vivi na vida. Um carro, um video-game, tudo pode estragar, ser roubado ou algo do gênero. O que tem na minha cabeça não (exceto em caso de acidente ou bloqueio de lembranças). Enfim, os livros que li, os filmes que vi, os cursos de línguas, tudo está aqui (estou apontando para minha cabeça nesse momento).

Eu vi, nessas viagens, como foi fundamental os idiomas aprendidos. Pensar que posso ir a um país diferente e me comunicar me anima muito. Meu francês está muito enferrujado, mas consigo o que quero sem problemas ou dificuldades. E ver os marroquinos falando 4 ou 5 idiomas me mostrou que posso querer mais. Só basta querer. Além disso, eu fiquei com muita vontade de aprender mais e mais. Pra que economizar? Não estarei matando meus neurônios com mais conhecimento.

Assisti muito filme também. Tento mesclar produções estrangeiras e nacionais. Que eu me lembre, foram Brilho eterno de uma mente sem lembranças, Adeus Lenin, Milk, Ultimato Bourne, Incrível Hulk, Senhores do crime. De nacional, Batismo de Sangue, O invasor, Meu nome não é Johnny, Apenas o fim e Budapeste. Esse último, baseado no livro de Chico Buarque, me inspirou ainda mais. Conta a história de um escritor que vai de mala e cuia para a Hungria, sem saber falar nada da "língua que até o diabo respeita". E aprendeu! Quem sabe um dia eu não faço igual?

É isso aí minha gente. Faltam agora menos de 3 meses. Acredito estar aproveitando bem minhas "férias", engrandecendo meu conhecimento. Até qualquer hora dessas!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Marrocos em 4 dias



!Hola chicos!

Bom, o que dizer do Marrocos? Tudo foi muito bom! Uma experiência única, e que me abriu os olhos para algumas coisas. Então, vamos lá:

Segunda-feira, 19 de abril

Rolou uma tensão já pela manhã. Eu havia recebido um e-mail da empresa aérea sobre um cancelamento do meu voo. Fiquei preocupado. Depois de procurar telefones e horários de voo, descobri que estava confirmada a minha viagem. Acredito que me mandaram esse correo para que eu trocasse de voo e assim ajudasse a evitar o caos aéreo. Não me sensibilizei e fui mesmo assim. De noite, cheguei a Madrid, onde passei a noite, dormindo em cantinho aconchegante do aeroporto.

Terça-feira, 20 de abril

Cheguei logo cedo em Marrakech. Já no ônibus conheci 3 brasileiros, Rodrigo, Laura e Vanessa. Os dois primeiros moram já há algum tempo na cidade, onde ele trabalha e ela cursa Biologia, e a Vanessa, que estuda Direito, está fazendo intercâmbio. Como eles iriam voltar no mesmo voo que eu, no Sábado, resolvemos ficar todos juntos em um hotel.

O hotel que havia sido indicado pra eles foi muito complicado de achar, mas, depois de encontrarmos uma mulher bondosa, fomos guiados até lá. Discutimos o preço já na entrada, e pagamos poucos 6 euros por ele. Pechincha. Instalados, fomos em procura da agência que organiza a viagem pelo deserto. Optamos por dos días e una noche. Pechinchamos também o valor, e pagamos 50 euros, com jantar, café-da-manhã e passeio de camelo.

Com tudo organizado, fomos andar pela cidade. Arquitetura bem diferente da européia, com um povo característico, com seus trajes e comportamentos. Munidos de um mapa, percorremos alguns pontos turísticos, como Place Jemma El Fna, Palais Badi, Palais Bahia. Isso sem falar nas vielas onde têm lojas por todos os lados. Verdadeiros labirintos. De noite, ficamos no hotel, já que teríamos que acordar cedo no dia seguinte.

Quarta-feira, 21 de abril

Saímos logo cedo para viajar para o deserto. Era uma mini-van, com nós brasileiros (4), madrileños (4) e uma francesa. A viagem é meio cansativa, já que ficamos meio apertados no carro. Não contabilizei o horário, mas parávamos de tempos em tempos para tirar fotos e esticar as pernas. O interessante era ver as paisagens. Mudavam sempre, entre penhascos, dunas, palmeiras, montanhas... Depois, ainda vimos o pôr do sol, enquanto andávamos a camelo. Experiência divertida. Lembra muito cavalo, mas tem um caminhar característico.

Chegamos ao acampamento já de noite, e conhecemos nossa tenda. Grande, com colchonetes pelo chão, duas mesas e muitos cobertores. Tinha mais umas 5 tendas assim, mas nem chegamos a conhecer muito os outros turistas. Como ventava muito, rolou um encontro dentro de uma tenda. Não sei se o normal é ter fogueira ou não, mas foi assim, meio bobinho o nosso meeting. O bom é que conseguíamos conversar em espanhol com os guias. Ouvir o vento, no deserto, de noite, é algo muito bom! Único!

Quinta-feira, 22 de abril

Queria muito ter visto o nascer do sol, mas não rolou. Quando acordei, o sol já estava alto, o que não quer dizer que acordei tarde, ok? Depois do café-da-manhã, camelos para voltar. No dia anterior eu tinha pego o mais arredio, o Ymontep, mas não sabia quem era ele, então peguei qualquer um. Nossa amizade não era tão forte assim. Depois, mais muito tempo na mini-van, no caminho de volta pra Marrakech. Rolou até um enjoo geral, já que o motorista corria muito, para chegarmos no horário previsto.

Como escurecia muito tarde, aproveitamos o tempo para andar mais pela cidade. Ver preços, pessoas, cultura, turistas. Enfim, tudo.

Sexta-feira, 23 de abril

Pela manhã fomos ao museu Dar Si Saidi. Tem uma ou outra boa atração, mas não foi um grande lugar que conheci. Depois, mais passeio pelas ruas e pelos mercadores. Confesso que passei grande parte do tempo entre uma loja e outra. Como estava com duas garotas, e era dia de fazer compras pra família e amigos, dedicamos um tempo a isso. Mas não foi tão fácil assim. Passei os 4 dias procurando por um relógio de bolso, no estilo que meu pai tinha, e não o encontrei. E olha que perguntei, hein! Inglês, francês, espanhol. Até em mímica. Pra não dizer que não encontrei, achei um por 20 euros (barganhei, mas ele não aceitou) e outro por 80. Voltei de mãos vazias.

Pela tarde fomos aos Jardins de Menara, onde tem o Mémorial Yves Saint Laurent. Muito florido, e com muitos turistas. Lugar agradável para se passar uma tarde. Foi até reconfortante, depois de estresse psicológico com os mercadores. À noite, um jantar já nostálgico de Marrakech, em um restaurante com vista para a Place Jemma El Fna.

Sábado, 24 de abril

O voo era logo cedo. Rola uma certa burocracia, já que é voo entre Europa e África. Nada fora do comum. Chegando em Madrid, despedida no metrô. Os brasileiros foram pra Salamanca, enquanto eu fui ao Museu Reina Sofia. Pra ser bem sincero, esperava mais dele. Me encantei mais com o Prado, com obras clássicas. O Reina Sofia é moderno demais para os meus parcos refinamentos.

Para quem não lembra (ou não leu), eu havia encontrado uma menina do Jornalismo UFSC em Madrid na primeira vez em que lá estive. Estávamos no mesmo albergue, e nos vimos ao acaso. Agora, só para não perder o costume, estava eu tirando umas fotos de uma manifestação, quando encontrei outra guria do curso. Novamente, ao acaso. É por essas e outras que eu digo que o mundo é muito pequeno.

Constatações

Para resumir tudo, adorei a viagem. Foi algo inesquecível. Conversei com muita gente, desde os recepcionistas do hotel e mercadores até os bérberes e nômades. Eles falam, como línguas oficiais, árabe e francês. Mas é normal também falar inglês, espanhol e italiano. Gente simples falando mais idiomas que o pessoal que está na universidade, no Brasil. Está certo que é necessário para eles, já que vivem do turismo, mas também é necessário saber falar várias línguas hoje em dia, ainda mais no mercado brasileiro, que está mais competitivo do que nunca. Aprendi algumas palavras, como "oi, tudo bem?", "obrigado" e "de nada", em forma de respeito, já que estava no país deles. Se mostravam felizes, vendo que não estava lá só para usurpá-los. Até perguntaram se eu sabia falar árabe. Se soubesse, seria tratado como rei.

Na viagem ao deserto, vi muita paisagem diferente. Lembrei do Brasil, em que passamos de São Paulo e Minas Gerais, onde tem tanta cidade, à Bahia, onde já impera uma vegetação mais escassa e quase nenhum povoado. O relevo também é muito diferente. Além disso, pessoas nas ruas com roupas locais. Velhos, crianças, jovens. Trânsito caótico. Só de ficar sentado em um canto, observando as pessoas, tanto nativos quanto turistas, já é algo maravilhoso. Ouvir, ver, sentir. Enfim, algo que recomendo a todos. Fiz muita propaganda desde que saí de lá. Não é um lugar que gostaria de morar, mas, se tivesse uma oportunidade futura para voltar, voltaria.

!Abrazos e besos a todos!

domingo, 18 de abril de 2010

Grande almoço verde e amarelo



!Hola chicos!

Como havia dito anteriormente, hoje meu piso foi palco de um almoço brasileiro. No final das contas, tudo foi muito divertido.

A preparação começou ontem, no sábado. Com uma receita em mãos, fui ao mercado fazer as compras. Tive algumas dificuldades, como saber o tamanho ideal da cebola, ou mesmo achar o maldito creme de leite. Onde fui comprar não havia, o que substitui prontamente por nata de leite. O meu erro foi não ler MONTAR, o que significa que aquilo era para fazer chantilly. Pois é. Homem fazendo compra dá nisso!

Depois de chegar em casa e conferir a receita de outra brasileira, vi que teria que voltar lá e comprar outra nata, além de mais 3,5 kg de frango. O 1,5 kg inicial não daria conta de 23 pessoas.

Como fui convidado de última hora para um almoço na casa de uma carioca (ela estava com visita em casa, e a visita não foi almoçar, avisando só depois da comida estar pronta. Portanto, fui lembrado e me dei bem). De lá, fomos comprar o necessário para fazer pé-de-moleque. Almoço brasileiro com sobremesa brasileira. Nada mais natural.

Foi complicado achar os cacahuetes. Mas, como somos brasileiros e não desistimos nunca, e quem procura acha, e tudo sempre dá certo no final, achamos os amendoins. Depois, rumamos para minha casa para começar a produção. Foram diversos percalços até obter o resultado final. Foram 2 panelas, uma porção queimada de leve (adivinha quem era o responsável pelo amendoim queimado?) e muita ginástica braçal. Mas, enfim, ficaram prontos. E devo confessar que o resultado foi bom! Mereceu o esforço. E é mais uma receita pra listinha! Arroz, macarrão e pé-de-moleque. Agora posso casar!

Hoje pela manhã, aquela limpeza na casa. varrer o chão, lavar a louça, a fim de deixar tudo pronto. Coincidentemente, chegaram primeiro as mulheres (e um gaúcho). Então, dá-lhe cozinha. Começou-se a produção, com carne sendo cortada em pedaços, cebolas e tomates sendo picados, fofocas sendo comentadas. Uma cozinha normal. Depois do arroz ser queimado de leve (dessa vez não foi culpa minha) e de um certo desespero, tudo ficou pronto. Nessa hora já haviam chego quase todos os brasileiros. De brasileiro, aqui em La Coruña, são 16 (7 de SC, 4 de RJ, 2 da BA, 1 do PA, 1 do RS e 1 de SP). Ainda vieram mais 5 brasileiros de Coimbra, passar o fim de semana, mais a namorada do paraense, que mora em Vigo, e ainda a amiga da carioca, que está em León. Essa última nem ficou pro almoço, porque precisava pegar o ônibus.

Foi meio complicado comportar todo mundo em casa, mas, no final das contas, ficou tranquilo. Havia o espaço da sala, com sofás, a cozinha, e o lounge, vulgo quarto, onde ficou o pessoal mais tranquilo, no chão ou em cima do meu colchão, vulgo cama. Muita conversa, gritaria, viagens combinadas. Muitos elogios a minha iniciativa, de colocar todo mundo junto (agora todo mundo conhece todo mundo) e de ceder a casa. Isso que dá ser de movimento estudantil. Agora, só organizar uma passeata e fico realizado.

No final de tudo, sobrou muito pé-de-moleque, uma quantia legal de strogonoff para o almoço de amanhã, refris, chá e cerveja, e uma cozinha com louça suja e chão molhado. Nada que um bom reagge no computador e força de vontade não resolvam. Resumindo, domingo produtivo.

sábado, 17 de abril de 2010

Tapas baratas, futebolzinho brasileiro e almoço verde e amarelo



!Hola chicos!

Pois é. Mais um tempinho sumido. Mas não escrevi muito por não ter o que escrever. Não foi por algum problema nem nada parecido. Ontem até cheguei a começar a escrever, mas tive que ir pra aula e depois não deu mais tempo. Então, vamos lá!

Terça-feira eu tive a prova de Xéneros Audiovisuais. 5 questões, algumas de enumerar. Creio que fui bem. Agora falta entregar um trabalho individual essa semana. Vamos ver no que que dá, né? E a aula de Postprodución, pela tarde, foi legal. Além do professor ser muito bom, ele gosta muito do Brasil e vive fazendo reportagens por lá. E ainda é a aula em que os 5 brasileiros do curso se encontram, o que fica muito mais animado!

Eu vivo reclamando do meu horário aqui. Um exemplo foi essa semana. Eu tive aula de manhã e a tarde (8 horas no total) segunda e terça. Já na quarta e na quinta, nada de aulas. Só tive ontem, na sexta, porque é a aula de espanhol. Se não, estaria livre também.

Na quarta-feira fui com o pessoal a um bar no Centro Comercial de Ocio, vulgo shopping. É nesse dia que rola uma promoção de todos as tapas serem 1 euro. Tá certo que são pãezinhos com pouca coisa dentro, mas a questão é que nos demais dias custa até 2 euros. Então ficamos com a ideia de desconto na cabeça. E o pessoal gosta também porque a jarra de cerveza é 1 euro, sendo que são uns 700 ml. Daí bebem muito!

O Micael, carioca que faz comunicação comigo, estava comentando que os espanhóis não têm o costume de marcar futebol aqui, pro pessoal se reunir e bater uma bolinha. Falei então pra gente marcar e chamar quem quiser. E foi o que aconteceu. Cuidei da quadra e ele dos jogadores. O problema foi que a quadra coberta estava já marcada pra semana toda, enquanto que a externa estava livre. Isso se deve porque ou faz muito sol aqui ou chove. São esses dois tipos de tiempo que temos em La Coruña. E ainda vimos que choveria a partir de quarta, e nosso jogo seria na quinta. Foram momentos tensos. Quarta de noite discutíamos se iria ter jogo ou não. Quinta de manhã, quando fui pagar a quadra, rolou outro debate a respeito de chuva (estava um sol lindo). No fim, marcamos. Ninguém é de açúcar, né? E tivemos muita sorte, ao final de tudo, porque choveu bem no finzinho, depois de mais de 1 hora jogando e todo mundo cansado. Foi providencial!

O jogo foi bem interessante. No nosso time éramos 3 brasileiros, 1 francês e 1 espanhol, enquanto que no outro eram 3 espanhóis e 3 italianos. Começamos levando o primeiro gol, depois de uns 20 minutos, mas, no final, ficou 9 a 4 pra gente. E como eu estava em um dia de muita sorte, e aliado ao péssimo desempenho dos italianos, fiquei conhecido como bom portero. Os italianos até falaram pra eu defender pra eles no próximo jogo. É assim que se começa uma lenda. Ou uma grande mentira.

Agora tenho que comprar os ingredientes para o almoço verde e amarelo. São 16 brasileiros que moram aqui, em La Coruña. Ainda vem a namorada de um deles, e mais 5 de Coimbra. Ao todo, 22 cabeças aqui na minha sala de estar. Ainda bem que minhas companheiras de piso estarão fora! Depois dessa, quero ver alguém falando que não conhece os outros brazucas daqui. Isso tudo se deve a minha saudade do Centro Acadêmico, de organizar algo pra muita gente. E como rolou eleição pro CA no jornalismo da UFSC, bateu a grande saudade. Depois desse almoço, devem rolar mais alguns jantares (não com todos, obviamente!) e até um dia a mais de futebol. Só o tempo dirá.

Devo sumir novamente (não por preguiça, veja bem!) nos próximos dias. É porque segunda estou indo pra Marrakech, no Marrocos, e volto no sábado. Dessa vez já estou indo com albergue reservado, tudo bonitinho. Essa agora é sempre minha preocupação. Comprar passagem e reservar albergue! Pensei muito a respeito do couchsurfing, método barato de se viajar, em que o viajante fica hospedado na casa de alguém por alguns dias. Mas eu tentei isso pra Semana Santa e só levei recusa. Além do mais, ficando em um albergue (barato), eu posso sair e voltar a qualquer momento, não tenho que me preocupar se estou atrapalhando o meu anfitrião. Assim sendo, por enquanto vou de albergue sem peso na consciência.

Isso é tudo pessoal! Até a vista!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Universidad, ócio e salidas




!Hola chicos!

Devem ter percebido que sumi do mapa. Pois é. Estava aqui o tempo todo, mas essa semana foi um pouco corrida, pelo menos mais do que o que estou acostumado em terras espanholas. Tentarei ser fiel à realidade no que aconteceu nos últimos dias.

Universidad

Tive aula de terça a sexta. Segunda foi feriado. Por isso até que só cheguei aqui na segunda fim de tarde. Enfim, foram aulas todas as manhãs, de 9 às 13, de Xéneros Audiovisuais e Experimentación Mutlimidia. Aulas bem tranquilas, de leve. O problema é que tenho prova amanhã. Vamos ver no que que dá, né? Tivemos um trabajo final, em que tínhamos que "produzir" um programa. Tudo no papel, bem definido, e bem realista. Além da teoria, teríamos que gravar algo.

Fizemos, então, uma entrevista com um rapper da sala. Já gravou CD e tudo. Depois de muito trabajo para descobrir como manusear as câmeras, gravamos. Embaixo de um sol infernal, em uma estação de trem próxima à universidade, fizemos o serviço. Após tudo isso, ainda descobrimos que uma câmera não filmou. Ou seja, um certo desespero bateu. Mas nada abate esse que vos fala. Depois de tanta experiência em edição de vídeo, de classes, bolsa, frilas e Semana, dá-se pra fazer qualquer coisa com poucas imagens. Domingo de tarde (sol a pino e eu trancado em um piso) editamos tudo e confesso que ficou bom. Tá certo que o grande trabalho ficou com 2 espanhóis, que é selecionar as imagens e os tempos. Só tive mesmo que colocar em ordem. Mas eles não manjavam do Premiere (programa usado para editar vídeos), e eu sim!

Tive aula também de Postprodución de Audio e Video, na terça de tarde (16 às 20). O professor, repórter de algum canal daqui, manda bem. Já fez muita reportagem por aí. Na terça, mostrou uma grande reportagem (uns 40 minutos) sobre o MST. Falava sobre Carajás, entrevistava o Stedile (falou até em espanhol!) e também não deixou faltar os índios. Interessante. Na aula de hoje, mostrou uma reportagem sobre minas de carvão na Romênia. Boa! Pena que não é na UFSC. Seria mais bem aproveitado.

Ócio

Peguei dois livros pra ler: El nombre de la rosa, de Umberto Eco, e Persépolis, de Marjane Satrapi. O primeiro, sobre um crime acontecido na idade média em uma abadia. Gerou um filme com Sean Connery e Christian Slater. Depois vejo a película. O segundo é uma história em quadrinhos sobre a vida de uma mulher iraniana. Uma vez vi a animação, no DCE. Gostei bastante, e agora lerei a original.

De filmes, vi Os suspeitos, com Kevin Spacey e Benicio del Toro. Além disso, vi também El escritor no cinema. Ver o 007 (Pierce Brosnan) falando "Hola, tio" não é fácil! Mas tudo bem. Abrir a mente, certo?

Salidas

Saí um pouco, para sociabilizar. Na quarta, por exemplo, tem um bar no shopping perto de casa em que os lanchinhos são 1 euro. Baratos e gostosos. Estávamos em uns 15 da sala de aula. Na quinta saí novamente com eles. E na sexta houve uma festa de Sociologia, na Universidad. Bem fraquinha, como as de Ciências Socias da UFSC. Deve ser o curso. Depois, fomos para outros lugares. E assim vai. E aprendo cada vez mais o español de las calles. Até ensino algumas coisas pro pessoal aqui! Já falei que aprendo o espanhol correto nos livros e nas aulas, enquanto o espanhol de verdade aprendo nas ruas, com o pessoal.


O universo está conspirando ao meu favor. Estava pensando em fazer um almoço verde e amarelo, e descobri que no final de semana estarei sozinho aqui. Então, chamei o pessoal pra vir aqui. Domingo será dia de "almoço de família". A ideia é fazer strogonoff, ou algo do gênero. E, até agora, são 8 confirmados, chegando a 16 convidados. Se rolar, coloco algumas fotos aqui.

É isso aí pessoal. Até a próxima!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Madri, Paris, Clermont-Ferrand e Porto - tudo em 8 dias

Já faz algum tempo que tudo aconteceu, então tentarei ser o mais real possível.

Epílogo

Sábado. Véspera de viagem. Arrumo a mala. Penso que está frio em Madri ou em Paris. Coloco uma camisa de flanela na mala, além dos dois casacos com os quais viajarei. Coloco uma calça a mais. Uma bermuda também. Camisetas, cuecas, meias.

Descubro, ao sair de noite, que no dia seguinte começa o horário de verão. Muita sorte descobrir isso. Assim, não perderei o horário. Isso significa que, a partir de agora, são 5 horas de diferença em relação a Floripa e 6 para Campo Grande.

Domingo, 28 de março de 2010

Acordo cedo. Me visto e arrumo as últimas coisas. Coloco a roupa de cama pra lavar. Como pão com queijo e vou pro ponto de ônibus. Descobri que havia um ônibus que vai daqui de La Coruña até o aeroporto de Santiago de Compostella, de onde saem os aviões low coast da Ryanair. Já tinha combinado me encontrar com a Agnieska, uma polaca da minha sala, que estava indo pra Madri.

Chegando no aeroporto, começo a me preocupar com minha mala. Estava deveras grande. Pra quem conhece, é o meu mochilão. Como a passagem era barata, só podia viajar com uma "mala de mão", que deve se adequar a algumas medidas. Se não, faça isso! Em outras palavras, jogue algo fora. Nessa tensão, "perco" minha espuma de barbear, que estava fora da regulamentação. Tudo bem. Não queria fazer a barba mesmo! Para minha sorte, a mochila passou! Agora, só faltavam dois outros aeroportos durante a semana. Com a minha amiga, descubro que os melhores lugares pra se viajar nesse tipo de avião é na saída de emergência. É mais espaçoso. O único porém é falar inglês. Ok, man!

Como era de se esperar, eu fui sem lugar confirmado. Tinha anotado 4 albergues. Um deles ia ter lugar. No primeiro que fui, achei. Beleza! Deixei minhas coisas lá e parti pra rua. Domingo de sol, tinha que tirar muitas fotos. No mapa que havia pego no aeroporto, parti pra esquerda. Plaza Mayor, Plaza de Oriente, Palacio Real, Jardines de Sabatini. Muitas fotos! Voltei pro albergue e fui dormir. Andei deveras naquele dia.

Segunda-feira, 29 de março de 2010

Acordei cedo e fui pro lado direito do mapa. O dia estava feio, mas tudo bem, né? Banco de España, Plaza de La Cibeles, Palacio de Comunicaciones, Biblioteca Nacional, Jardines del Descubrimiento, Puerta de Alcalá, Museo del Prado, Parque del Buen Retiro, Jardín Botánico.

Depois dessa caminhada matinal, já havia "matado" Madri. O grande centro da cidade, com todas as edificações antigas, tinha sido visto em uma tarde e uma manhã. Voltei então pro albergue, pra descansar. Estou eu sentado, no pátio do lugar, quando vejo um rosto conhecido passar. Gabi Bazzo, do jornalismo UFSC, estava ali, na minha frente. Descubro que ela está fazendo intercâmbio em Sevilla, e foi passar a semana ali. Por essas e outras que eu digo que o mundo é pequeno pra caramba! Conversamos um monte e partimos ao passeio. Ela estava com uma amiga de apartamento, a Marianne, de Campina Grande/Recife. Fui para os mesmo lugares que tinha ido pela manhã, mas sem problemas. Rostos amigos valem a pena. De noite, mais conversa.

Terça-feira, 30 de março de 2010

Seguindo os conselhos das meninas, fui ao Centro de Arte Reina Sofía. Bem famoso o dito cujo. Chegando lá, dou com a cara na porta. O "Dia Mundial para Fechamento de Museus" é na segunda-feira, mas esse é diferente. Anarquista. Bem na terça ele fecha. Ok! Fui ao Prado. Não perdi nada. Muitas obras religiosas. Arte, né?

Vou muito cedo pro aeroporto. Não quero me dar ao luxo de perder um avião. Perdi um ônibus esses tempos em Campo Grande. Repetir a dose na Europa é feio demais!

Chego no fim da tarde no Aeroporto de Beauvais. Tenho que pegar um ônibus até Paris. Dá-lhe 1 hora e meia e 14 euros. Ainda bem que tinha essa quantia no bolso. Mas por pouco, hein. Chego de noite na cidade. Vou direto pro albergue. Lugar legal. Mas o recepcionista era bem babaca. Nada fora do padrão francês.

Quarta-feira, 31 de março de 2010

Saio logo cedo. Sigo andando pela cidade. Tempo feio. Église de la Madeleine, Obélisque, Grand et Petit Palais, Avenue Champs-Élysées, Arc de Triomphe e a tão querida Tour Eiffel. O problema é que quanto estou lá começa a chover e ventar muito. Obviamente, volto pro albergue.

Quinta-feira, 1 de abril de 2010

Saio cedo com a mochila. Tinha acabado minha estadia no albergue. Então, vou direto à Torre Eiffel. Aproveitei que fazia sol e fui lá, ver se conseguia subir. No caminho, encontrei duas baianas, e ainda tirei uma foto pra elas. Como o dia estava bonito, tinha muito turista lá. Fiquei mais de duas horas na fila. Pois é. Não é só chegar e pronto. Tem um exército de turistas, imigrantes vendendo 3 lembrancinhas por 1 euro (chegando a 6, caso você pechinche), imigrantes pedindo dinheiro e soldados fardados, fazendo ronda pelo local. Depois de ir até lá em cima, passar frio e lembrar sempre de como não gosto de altura, fui sentar no gramado na base da Torre.

Parti então para a Gare de Lyon, pra ver se achava lugar pra ficar. Depois de procurar em alguns hotéis, fiquei no mais barato. E isso não significa que era barato, ok? Deixei a mochila e fui passear. Hôtel de Ville, Seine, Musée du Louvre, Jardin des Tuileries.



Sexta-feira, 02 de abril de 2010

Logo cedo fui pegar o trem pra Clermont-Ferrand, interior da França. Lá estão o Maioral (ex-jornalismo UFSC) e sua namorada, Sara. Depois de 3 horas de viagem, cheguei nessa pequena, charmosa e cara cidade. As duas pizzas e os 4 refri eram baratos (13 euros), mas todo o resto, não! Me levaram pra ver a Catedral Notre-Dame-de-Prospérité. Estilo gótico, creio eu. Grande e escura. Legal. Durante a tarde, tour pelo local. De noite, jantar com o pessoal do curso deles. Tinha até carioca que mora em Portugal e alemão com nome brasileiro (Pedro dos Santos).

Sábado, 03 de abril de 2010

Fomos, pela manhã, a um parque meio retirado da cidade. Debaixo de chuva. Nada fora do comum, na Europa. Ô terrinha que chove. Estilo Floripa. De tarde, mais passeio. A cidade tem muitos sebos, se for ver que tem em torno de 140 mil pessoas. A faculdade deles é similar à ESAG (Escola Superior de Administração e Gerência), da UDESC. Aulas em inglês e tudo! Pela noite, trem pra Paris.

Domingo, 04 de abril de 2010

Saí cedo pra ver a Cadetral de Notre Dame e ir ao Louvre. Primeiro domingo do mês é de graça. E olha que, chegando antes da 8 da manhã estava entre os 40 e os 50 da fila. Eita turistada que acorda cedo! Realmente, é grande o museu. Vale a pena! Mas estejam descansados quando forem lá. Estava cansado e de mau humor. E com os pés doendo. Saí dali direto pro hotel, dar aquela descansada.

Quando acordei, fui conferir a Basílica de Sacré Coeur e o Montmartre, área histórica, com muitos cafés e crêpes. Recomendo ir lá e comer a iguaria francesa. De nutella, então, é show de bola!

Segunda-feira, 05 de abril de 2010

Acordei cedo pra poder pegar metrô e o ônibus pro aeroporto. Tipo 5 da manhã. Na real, enrolei até às 6:30, mas acordei cedo da mesma forma. Não duvidem que dormi no ônibus e, depois, no avião.

Cheguei ao Porto, Portugal, e fui direto pro centro. Precisava descobrir onde ficava a rodoviária. Além disso, queria ver a Mari Dutra (minha turma do Jornalismo UFSC). Mas, para a minha sorte ou meu azar, assim que descubro onde devo pegar o ônibus, descubro também que ele sairia em 20 minutos, sendo o próximo só no dia seguinte. Como não queria perder aula, fui nesse mesmo. Almoço rápido e ligeiro. Depois, 5 horas de estrada. Pelo menos terminei a leitura de "Viajes con Heródoto", do Kapuscinski. Muito bom o livro! E, assim que chego na rodoviária de La Coruña, descubro que uma das brasileiras que estudam aqui estava no mesmo ônibus. Ô mundinho pequeno!

Prólogo

Analisando tudo friamente, curti a viagem. Madri, consegue-se "matar" em 2 dias, caso queira só ver prédios históricos, e 3 se quiser ir aos museus. Paris, pra mim, não é tudo aquilo que dizem. Não sei se é porque estava frio e chovendo, ou se porque eu estava sozinho, sem ninguém pra compartilhar as emoções e aventuras. Clermont-Ferrand valeu por ver rostos amigos em uma semana solitária. Porto, não conto.

A viagem foi uma boa forma de saber se aguento o mochilão das férias. Foi cansativo e solitário. E seguirá sendo assim todas as minhas viagens. Senti muita falta de amigos e familiares. Não tinha mp3 ou algo do gênero, pra me fazer divagar por músicas. De agora em diante, me organizarei mais, pra não passar pelos problemas com acomodação, como passei. E espero contar com mais sorte, que sempre me acompanha, e encontrar mais rostos amigos. E não se preocupem. Tenho muitas coisas no Brasil pra sumir no mundo, sem dar notícias pra ninguém, mesmo sendo tão fácil cair na estrada.

Espero que tenham lido até aqui, e que tenham entendido um pouco das minhas alucinadas ideias.