quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Falsa nostalgia

Sim, eu sei que estou sumido, mas foi por causa de um semestre atarefado e corrido. Por isso que, hoje, quando entro de férias em relação às aulas (ainda tenho 2 dias de trabalho), venho atualizar o blog.
Escrevi 6 crônicas como trabalho final para Redação VII, do senhor Hélio Ademar Schuch. Postarei aos poucos meus esforços, hehe.
Que seja aberta a temporada de férias!

Falsa nostalgia

Sabe aquele sentimento de ter saudades de algo que não viveu? Quando você tem nostalgia de um momento que nunca presenciou? É assim com o curso de jornalismo. Muita gente pensa em um jovem jornalista, ainda na faculdade, e imagina uma figura totalmente diferente do que está aí.

Não temos mais aqueles seres cabeludos, barbudos ou bigodudos, ou tudo junto, que pareciam ter mais pêlos que um urso. Que andavam com calças rasgadas, uma camisa colorida e chinelos no pé, em um eterno mundo aprisionado nos anos 70.

Figuras que, se quisessem se divertir, iam passar o feriado em alguma praia deserta, a qual poderiam chamar de seu cantinho especial. Ou então marcariam um encontro regado a alucinógenos e que inspirariam as mais criativas pautas.

Seres que discutiam política por horas a fio, sentados na grama ou em um banco qualquer, seja bebendo café ou cerveja. Que estavam prontos para pegar uma câmera fotográfica ou um gravador, ir cobrir um evento e depois grudar na máquina de escrever até finalizar a matéria.

Pessoas que gritavam aos quatro cantos que não se venderiam ao sistema, “antes passar fome a trabalhar nessa porcaria de jornal alienador das massas”. Indivíduos que, ao se deparar com uma dúvida, iam ao professor mais perto, ou procuravam a biblioteca para se informar sobre o tema.

Hoje em dia, tudo é diferente. Garotas que não saem de cima de seus saltos 15, com mais maquiagem que noiva em dia de casamento, não importando se é às 8 da manhã. Meninos que usam uniforme, como calça jeans e camiseta pólo listrada.

Jovens andam pelos corredores com notebooks e celulares de última geração. Passam o feriado em Nova York ou Paris. Têm mais luzes no cabelo do que o Maracanã em noite de clássico. Pensam em sair da faculdade já com uma empresa de assessoria na manga.

Para se divertir, os novos jornalistinhas vão para as baladas da moda, bebem whisky com energético, e só apelam para a boa e velha cerveja em dias de jogo ou em fim de mês. Política, só em época de eleição, e “nem venha com histórias de movimento estudantil que já dá coceira”.

Por essas e outras que vejo que nasci 30 anos depois do que o combinado, e a conformação é a única solução. Bons tempos de Olivetti, de discussões regadas a café e aos berros sobre literatura, política e sexo, em plena redação. Bons tempos que não voltam mais.

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