quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um brasileiro perdido na Letônia


Basicamente todos os lugares que conheci, nesse tempo na Europa, estavam nos meus planos. França, Reino Unido, Alemanha. Mas a vida é feita de mudanças de planos, ou inclusões ou exclusões. Marrocos foi uma grande inclusão pra mim. E boa! E outra agora foi a Letônia! Quatro dias realmente muito bons.

Tudo aconteceu quando comecei a planejar a BIG TRIP. Falei com a Laura, a letona que morava comigo, e ela fez questão que eu fosse visita-la. A princípio, concordava por concordar. Mas, quando ela começou a falar em comprar a passagem, vi que realmente queria que eu fosse. Como posso dizer não para uma grande experiência nova?

A letona falava muito em um Summer Festival, no dia 23 de junho. E no mesmo dia seria a festa de San Juan, em Coruña, em que todos ficam bêbados e passam o dia na praia. Pensei que seria o mesmo. Mas não era bem isso. É uma tradição para eles, como o Natal, com família e amigos reunidos, mesa farta e algumas particularidades, como coroa de flores, remetendo à fertilidade, lama no rosto para eterna jovialidade e banho no orvalho. Mas não foi aí que começou a história.

A ideia era pegar um ônibus de Warszawa, ou Varsóvia, para Riga. Então, teria que chegar de Berlin para isso. No fim das contas, fiquei um dia inteiro viajando, com 5 horas até chegar na Polônia, depois o ônibus até Kaunas, na Lituânia, e mais um para Riga. Lembrei muito de minhas viagens Floripa-Campo Grande, com 20 ou 24 horas dentro de um ônibus. A grande diferença é que no último que peguei, entre os países bálticos, tinha internet e tomada para computador. Se eu soubesse disso antes, com certeza não teria deixado no bagageiro!

Cheguei à Riga às 6 da manhã, e só encontraria a Laura às 2 da tarde. Legal, né? Frio, mochila com uns 12 quilos nas costas, sem mapa. Pergunta freqüente na cabeça: “O que raios estou fazendo aqui?” E não era bem “raios” que eu usava nesses momentos, se é que me entendem. Me senti um verdadeiro desbravador, em um país com outra língua, ruas que lembravam muito a Rússia comunista e coisas assim. Como se fosse o primeiro brasileiro a pisar em terras letonas. Era esse o sentimento enquanto estava lendo algumas coisas na fachada de um museu. Até ouvir dois brasileiros conversando. E o pior, eram cariocas! Depois dessa, desisto de me esconder de brasileiros!

Assim que encontrei a letona, de tarde, fomos para o campo, no meio do nada. Lá seria comemorado o Summer Festival. Pelo menos o pessoal sempre tentava falar inglês enquanto eu estava perto, para não me sentir tão solitário. Explicavam as coisas, perguntavam sobre o Brasil e a minha viagem. Foi bem divertido. Lembrei dos churrascos da época de escola, com amigos o dia todo. De noite, fogueira e jogos, como telefone sem fio ou vôlei. Ficamos esperando até o sol nascer, porque não escureceu em nenhum momento! Uma da manhã e se via o horizonte, claro ainda.

Fui um dos últimos a dormir, como sempre. E qual a surpresa quando encontro colchões de feno! Mais um lugar inusitado em minha lista, que inclui sofás, aeroportos, deserto e outros. E, à tarde, rolou mais comida ainda. Enfim, me diverti muito!

Assim foram os 2 primeiros dias. No terceiro, Cesis! A cidade dela. Fiquei o dia entre conhecer o local com a Laura e sua mãe, ver a tranqüilidade de Brasil x Portugal e fazer um picnic com os amigos das duas. E mais comida típica.

No quarto dia, depois de uma despedida meio triste de sua mãe, muito querida e que sempre queria fazer tudo por mim, fomos à praia. Simples, não? Na verdade, duas horas de ônibus até Riga, e depois mais 30 minutos de trem até o litoral. Tudo isso para eu poder dizer que me banhei no mar Báltico! Tão gelado quanto Coruña! E muito raso também. Mas tudo bem. Não pretendo ter filho nos próximos 2 anos mesmo, já que congelei tudo que é necessário para isso.

E, para finalizar esse pequeno descobrimento da Letônia, quase perco o ônibus. E olha que estava com ela, hein. Problemas com os nomes das linhas, mas que, depois de uma corrida, foram resolvidos. Só pra lembrar mesmo para sempre desse pequeno país.

Continua...

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